Finalmente aconteceu: Fidel Castro, o ditador comunista de Cuba desde 1959, caiu. Não, não é a notícia que os “gusanos” da Flórida há tanto tempo esperam ouvir. Vestindo o indefectível uniforme verde-oliva, o vetusto dirigente comunista, 78 anos, acabara de fazer um discurso e descia de um pódio quando tropeçou nos degraus e desabou no chão, fraturou o joelho esquerdo e teve uma fissura no braço direito. O incidente ocorreu na noite de quarta-feira 20, no mausoléu em que estão enterrados os restos mortais do revolucionário argentino-cubano Ernesto “Che” Guevara, em Santa Clara, a 276 quilômetros de Havana. (Maldição do Che? Afinal, sabe-se que Fidel não morria de amores pela idéia do companheiro de criar “um, dois, mil Vietnãs” e abandonou-o na Bolívia em 1967, onde o incansável revolucionário fora levantar as massas e acabou preso e fuzilado por um sargento bêbado). Santa Clara, para onde os ossos de Guevara voltaram 30 anos depois de sua morte e finalmente repousam em paz no panteão da revolução, é um local simbólico para o regime: em 1958, foi palco da maior batalha contra o Exército de Fulgêncio Batista, vencida pelos rebeldes comandados por Che.

Fidel, de qualquer maneira, continua em forma. Ele havia terminado um discurso de (apenas) uma hora para 30 mil pessoas durante a cerimônia de formatura de estudantes quando ocorreu a queda. Sentado numa cadeira, o dirigente cubano tentava mostrar tranquilidade. “Peço perdão por ter caído. Vou me recuperar logo, mas, como vocês podem ver, posso continuar meu trabalho, mesmo que me engessem inteiro”, desafiou. Já os eternos desafetos de Fidel, os Estados Unidos, não perderam a oportunidade de espezinhá-lo: “A situação de Cuba é nossa principal preocupação. Já a situação de Castro tem pouca importância para nós, mas, infelizmente, muita para os cubanos, que há longo tempo sofrem sob seu regime”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher.