A lembrança de uma cesariana não é das mais agradáveis para as mulheres. Na cirurgia, o médico faz um corte debaixo do umbigo e no útero da mãe para remover o bebê. Depois, sutura o útero e o abdome. Terminada a operação, começam os problemas: as intensas dores do pós-operatório, a sensação de ter sofrido um acidente. Desde janeiro, no entanto, 50 brasileiras viveram a experiência de uma cesariana menos traumática. Uma equipe do Hospital Albert Einstein (SP) começou a aplicar no País o método Misgav Ladach, criado pelo médico Michael Stark, do Hospital Misgav Ladach, em Israel. A técnica possibilita uma recuperação mais rápida e menos dolorosa. Na nova cesárea, a incisão de pele é semelhante à tradicional. Porém, não há descolamento da aponevrose (tecido que recobre os músculos do abdome), o que evita a lesão de nervos e vasos. Os músculos são separados com os dedos do cirurgião, e não com instrumentos cortantes. O peritôneo ? revestimento interno da parede abdominal e dos órgãos abdominais ? e a bexiga também não são separados do útero, ao contrário do que é feito na cesariana tradicional. ?Há menos planos de sutura do que no método convencional?, diz o obstetra Thomaz Gollop, que aplica a técnica. O resultado desse procedimento mais delicado é que a cirurgia dura menos tempo (passando de 50 minutos, em média, para 35) e há menos dor, além da diminuição do risco de infecção. Por isso, a recuperação é mais rápida. Se antes a mulher andava sem ajuda só no terceiro ou quarto dia, agora já pode até fazer esforço sem dores no dia seguinte. Para as mulheres que precisam se submeter à cesariana, o método chegou em boa hora. A engenheira paulista Renata Nehmad passou pelos dois tipos de cesariana, o convencional e o novo. ?Quando tive a Júlia, de dois anos e meio, lembro da dor no dia seguinte. Não ficava ereta. Com essa técnica, o nascimento da Lídia, de oito meses, foi tranquilo. No dia seguinte segurava minha filha?, conta.