A prefeita Marta Suplicy tem enfrentado com bastante sangue-frio seus últimos percalços e incidentes. Foi assim na posse de Paulo Skaf na Fiesp, na segunda-feira à noite, quando seu ex-marido, Eduardo, recebeu, da platéia, muito mais aplausos do que ela. Dois dias depois, como ocupante da poltrona 1C do vôo 3708 da TAM, das 13h52, de São Paulo para Brasília, ela foi também um exemplo de frieza. Com atraso, o Airbus A320 acelerou as turbinas às 14h29 na cabeceira de Congonhas e, quando atingia velocidade, um estrondo na turbina direita e um princípio de incêndio obrigaram o comandante a executar procedimentos de emergência que incluíram abortar a decolagem, acionar os extintores internos da turbina e paralisar a aeronave enviesada na pista. Dentro do avião, o ruído das turbinas foi substituído por um estranho e nervoso silêncio, e pelas janelas percebeu-se que o vôo 3708 virou o centro das atenções em Congonhas.

O aeroporto foi fechado para pousos e decolagens, quatro caminhões amarelos dos bombeiros acorreram e começaram a jogar água na turbina afetada.  A falta de informações aos passageiros colaborou para um crescente desconforto, que em alguns casos beirou o pânico dentro do avião imobilizado. Depois do susto, os passageiros – aqueles que não desistiram da viagem – foram transferidos de avião e só então informados do que havia acontecido. A nova decolagem  com outro avião ocorreu sem problemas às 15h40. A prefeita, que foi a Brasília  para se encontrar com o presidente Lula pela primeira vez depois da derrota para José Serra, manteve, o tempo todo, uma calma exemplar que lhe teria sido muito útil nos últimos meses. Calma e controle que, com certeza, também serão fundamentais a seus companheiros de partido no caminho que leva à pretendida reeleição de Lula em 2006, uma rota que será bem mais acidentada que a decolagem abortada do vôo da prefeita. .