17/11/2004 - 10:00
Como a água que escapa das mãos de quem tenta retê-la, os rebeldes que se entrincheiravam na cidade de Falujá, no Iraque, parecem ter se evadido assim que as tropas americanas e iraquianas ocuparam a cidade, a 50 quilômetros a oeste de Bagdá. Prova disso foi o rápido avanço das tropas – por volta de 15 mil soldados americanos e iraquianos –, que na quinta-feira 11 ocupavam cerca de 75% da cidade, ao mesmo tempo que a violência se intensificava em todo o resto do país. Falujá, que tinha uma população de 300 mil habitantes, a grande maioria evacuada, era o local onde se concentravam cerca de 1.200 guerrilheiros, inclusive seguidores do líder terrorista jordaniano Ali Musab Al-Zarqawi, ligado à Al-Qaeda. Em meio à operação, um comando terrorista sequestrou na quarta-feira 10 em Bagdá três parentes do primeiro-ministro interino, Iyad Allawi – um primo, sua mulher e uma nora. Os sequestradores ameaçaram decapitar os reféns se a operação em Falujá não fosse cancelada. Choques e atentados ocorreram no norte do país e, na quinta-feira 11, um carro-bomba matou 17 pessoas em Bagdá.
Por outro lado, a operação Al Fajr (amanhecer) em Falujá fez crescer muito o número de baixas americanas nos últimos dias no Iraque: 13 mortos e mais de 200 feridos, a maioria encaminhada a um hospital na Alemanha. Entre os rebeldes, cerca de 600 combatentes teriam morrido, segundo o Estado-Maior do Exército americano no Iraque.
O controle de Falujá pelos americanos faz parte de um plano de restabelecimento da ordem no chamado “triângulo sunita” para que a região possa participar das eleições gerais marcadas para janeiro próximo. Mas, como alertam analistas, a operação corre o risco de provocar um boicote dos sunitas – corrente islâmica minoritária no Iraque –, o que, de qualquer forma, minaria fatalmente a legitimidade do pleito.