"Vocês não estão entendendo. Se o dinheiro só chegar em 2006, não haverá mais Haiti.” A frase, em tom de alerta, foi dita na semana passada por Marco Aurélio Garcia, assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a interlocutores internacionais durante sua visita de seis dias ao Haiti como enviado especial do governo brasileiro. Marco Aurélio acha que a burocracia internacional “precisa ser sacudida e entender que os tempos são outros”, acelerando procedimentos de modo a permitir que a quantia de mais de US$ 1 bilhão já disponível em ajuda internacional ao Haiti chegue ao país “o mais rápido possível”.

O enviado especial de Lula, que ficou no Haiti de sexta-feira 5 a quarta-feira 10, considerou “espantoso” o cenário de desagregação social do país. Marco Aurélio, em seu périplo haitiano, participou de quase 30 reuniões, que incluíram três ministros do governo haitiano e lideranças políticas (incluindo líderes da oposição). No relatório que entregará neste começo de semana a Lula, Marco Aurélio sugere três linhas de ação: pressões sobre o governo do Haiti, para retomada dos serviços básicos; pressões sobre as organizações internacionais e os países ricos no sentido de liberar o dinheiro já doado; e rapidez na reconstrução social e da organização do diálogo entre todos os setores do país. Se tudo correr bem, Marco Aurélio acredita que as eleições, previstas para setembro a dezembro de 2005, poderão ser realizadas, “provavelmente com urnas eletrônicas brasileiras”, afirma.