Os milhões de trabalhadores que procuram emprego todos os dias nos grandes centros do País finalmente começam a receber boas notícias. Nada que vá mudar da noite para o dia uma situação que já jogou no desemprego 2,4 milhões de brasileiros. Mas serve como um alento e mostra que há luz no final do túnel. Há pelo menos cinco meses o número de pessoas que estão conseguindo uma recolocação no mercado de trabalho vem aumentando. E mais: a renda, a massa salarial, também está crescendo, menos do que precisa, claro; e é cada vez maior o número de empregados que estão sendo contratados com carteira assinada. São pontos positivos e vêm de todos os lados: do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Seade/Dieese, do Sinduscon, o sindicato da construção civil, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Os resultados de setembro são bastante animadores e mostram que está havendo uma retomada do emprego e da atividade econômica”, diz Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.

Segundo o levantamento do mês de setembro do instituto, a taxa de desemprego caiu para 10,9% (em agosto era 11,4%), a mesma de dezembro de 2003, o que mostra que até o final do ano – período tradicionalmente de contratações – o índice de desocupação tem espaço para cair ainda mais. Claro que tudo vai depender da continuidade do bom momento da economia. Na indústria, por conta de um crescimento nas vendas desde o final de 2003 e de uma expansão das exportações, o emprego vive um dos melhores momentos da história do setor. Nos últimos nove meses, o pessoal ocupado nas indústrias do País cresceu 5,9% – estima-se que foram reabertas 200 mil vagas. “Estamos superando o nível de crescimento do Plano Real”, constata Paulo Mol, economista da CNI, que não via nada parecido desde 1992, quando começou a série de pesquisas da entidade.

Outro segmento que está iniciando uma reação é o da construção civil. Um dos maiores empregadores do País, o setor voltou a contratar em 2004, depois de um péssimo 2003 (retração de 8,6% nos negócios). De janeiro a setembro, já foram mais de 112 mil contratações, atingindo um total de 1,2 milhão de empregados em todo o País. Ainda está longe do 1,5 milhão de trabalhadores de 1995, mas bem melhor que o 1,1 milhão de dezembro de 2003. “Está longe da nossa realidade, mas está havendo uma melhora”, reconhece Eduardo Zaidan, diretor do departamento de economia do Sinduscon. Embora os números apontem para um final de ano melhor para aqueles que estão atrás de trabalho, tanto Zaidan quanto outros economistas condicionam a retomada sustentável – para usar o termo da moda – do emprego no País ao crescimento da produção e da renda dos trabalhadores e a uma política econômica voltada para os investimentos em produção, leia-se juros mais baixos.