Os arquivos da repressão da ditadura militar estão com as chaves nos cadeados para girar no sentido horário: estão prestes a ser abertos. Na quinta-feira 11 o juiz federal Paulo Alberto Jorge, da cidade paulista de Guaratinguetá, determinou que o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, seja convocado a entregar todo o acervo. Pela decisão judicial (contra a qual cabe recurso) os documentos vão ser encaminhados ao quartel da cidade de Lorena. Nessa cidade serão analisados os motivos de sigilo de cada documento. Os papéis arquivados sem base legal passarão a ser do conhecimento público. O procurador da República João Gilberto Gonçalves Filho acredita que a maioria do acervo esteja indevidamente escondida da sociedade civil. “É provável que os documentos estejam sendo mantidos em sigilo exclusivamente para proteger políticos de destaque, que atuaram de forma contundente na repressão”, disse Gonçalves Filho a ISTOÉ. “Calculamos que o maior volume de documentos esteja com o Exército, mas vamos pedir a extensão da medida para a Aeronáutica, para a Marinha e para a Agência Brasileira de Inteligência.”