17/11/2004 - 10:00
Valéria Polizzi tinha 16 anos e cursava o ensino médio quando se tornou nacionalmente conhecida com o livro Depois daquela viagem. Era o ano de 1987. A sua história emocionou todo o País: Valéria fora contaminada com o vírus da Aids pelo namorado, o primeiro homem com quem transara. E a sua coragem de relatar publicamente o seu drama foi um passo decisivo para enterrar os moralistas diagnósticos que insistiam em dizer que o HIV “era coisa de gay”. “Depois do livro eu passei anos sendo chamada para dar palestras em escolas e participei de diversos congressos em todo o mundo”, disse Valéria a ISTOÉ. Naquela época, a Aids ainda era sinônimo de morte (não havia o coquetel, que ela toma há sete anos) e o preconceito era monstruosamente maior do que hoje. Valéria enfrentou as dificuldades cuidando-se clinicamente e escrevendo. Lançou Papo de garota e depois partiu para a Áustria onde viveu três anos com o marido. Estudou, aprendeu alemão e ainda lá escreveu Enquanto estamos crescendo, obra que ganhou o selo da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e é adotada nas escolas. Aos 33 anos, escritora, e infectada pelo HIV há 17, Valéria vai muito bem: os seus exames ainda indicam carga viral, mas em quantidade ínfima. Ela retornou ao Brasil no ano passado. “Percebi que as pessoas aqui estão lidando melhor com a doença. E quem descobre que é soropositivo busca ajuda e reestrutura a sua vida mais rápido”, disse ela a ISTOÉ. Valéria vive em Santos, no litoral paulista, e cursa a faculdade de comunicação social. Todos os meses escreve artigos para a revista Atrevida, dirigida ao público adolescente. E o seu trabalho mais recente foi um texto para uma coletânea de contos. Nessa coletânea, ela aparece ao lado de autores consagrados como Moacyr Scliar, Drauzio Varella e Mário Prata.