17/11/2004 - 10:00
Ao garantir o ouro na classe Laser nos Jogos de Atenas, em agosto passado, o velejador paulistano Robert Scheidt, 31 anos, fez uma festa intensa: virou o barco, berrou várias vezes a caminho do pódio e, lá, fechou os olhos e chorou. Era sua terceira medalha olímpica – antes, havia conquistado uma dourada em Atlanta 1996 e uma prateada em Sydney 2000. Parecia o céu, mas ainda era difícil imaginar que, no melhor dos sentidos, o ano para ele ainda estava longe de terminar. Na noite da terça-feira 9, ao fim de uma disputa pesada com grandes talentos, entre eles a dupla de compatriotas da classe Star Marcelo Ferreira e Torben Grael, este último considerado pelos próprios colegas um dos mais completos velejadores não só da atualidade mas também das últimas gerações, Scheidt foi eleito o navegador do mundo no ano e levou, pela segunda vez, o Rolex World Sailor of the Year, o “Oscar” da vela, concedido pela federação mundial das associações de vela, a Isaf, na sigla em inglês. Foi a 11ª edição do prêmio. Ele foi escolhido pela primeira vez em 2001. Alemão, como é chamado, tem 114 títulos na carreira (14 apenas este ano).
Os dois encarregados de entregar o prêmio no belíssimo complexo Cirkusbygningen, em Copenhague, na Dinamarca, não economizaram elogios ao brasileiro, que pensa em trocar a Laser pela Star, considerada a Fórmula 1 das classes olímpicas da vela. “Um herói de seu país e de muitos atletas no mundo”, disse Arnaud Boetsch, diretor da empresa patrocinadora. “Uma máquina de conquistar títulos”, acrescentou o príncipe Frederik da Dinamarca, representante da família real do país anfitrião. “Não consigo sequer achar as palavras corretas para expressar minha euforia interna. Vou tomar cuidado para não me emocionar. Quem sabe, a partir de agora, com essa beleza no pulso, eu consiga melhorar as minhas largadas”, ironizou Scheidt – um de seus pontos fracos –, em inglês fluente, ao mesmo tempo que fazia referência ao mimo recebido junto com a réplica do troféu levantado no palco: um relógio do grupo, modelo Yachts Master, que na Europa não sai por menos de 3,3 mil euros, cerca de R$ 11,7 mil. Os convidados não seguraram as gargalhadas. Em seguida, elegante, chamou de volta ao palco as gregas Sofia Bekatorou e Emilia Tsoulfa, ouro na categoria 470 em Atenas e vencedoras no feminino, para nova sessão de fotos.
Scheidt tem de fato motivos para receber elogios e esbanjar felicidade. Sete vezes campeão mundial, é o maior papa-títulos do esporte brasileiro em todos os tempos.