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É, no mínimo, um disparate o episódio do pagamento de horas extras para os 3,8 mil funcionários públicos do Senado durante o mês de janeiro, quando os senadores estavam em férias e não ocorreu sequer expediente parlamentar. A Casa estava fechada. Os beneficiados gozavam de horas livres para usar como desse na telha – um cineminha aqui, aquela viagem à praia mais próxima ou até o descanso na rede. E, mesmo assim, foram brindados com um “agrado” em seus holerites, voluntário ou não, que sangrou os cofres do País e, por tabela, o seu bolso de contribuinte em nada menos que R$ 6,2 milhões num único mês. A vergonha pela prática do benefício deve estar muito mais em quem pagou, e inventou as regras, do que em quem recebeu. Os políticos tendem a considerar lucrativa a benevolência sistêmica nesse campo. Afinal, o funcionalismo estatal pode ser enquadrado entre uma daquelas categorias de eleitores fiéis aos seus padrinhos.

Quando pilhados em flagrante, os senadores tentaram dissimular a responsabilidade da outorga do presente. Perderamse em explicações inúteis. Não discutiram punições. Deram o caso por superado. Prometeram que não ocorreria de novo. Alguns encenaram até indignação, pedindo o dinheiro de volta aos subordinados. O jogar para a plateia, no caso, não deu resultado. Qualquer um dos 3,8 mil premiados pôde lançar mão do argumento de que já havia gasto e não tinha como devolver. O grave é que a regra de pagamento de horas extras tinha acabado de mudar, fazia pouco tempo – e para pior, no que diz respeito a quem paga a conta. Em outubro, os servidores de gabinete, que só recebiam o adicional de terça a quinta, passaram a estender a contabilidade da ho ra extra também para as segundas e sextas, quando as sessões deliberativas no plenário não existem. E isso com o aval de seus chefes. A prática só corrobora a imagem popular, negativa – e, em alguns casos, injusta –, de que é esse um dos maiores “empregões” do mundo, com pouco trabalho em troca de rendimentos generosos. Quem se candidata?