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Dentro de duas semanas, quando os 20 carros se alinharem para a largada do Grande Prêmio da Austrália, em Melbourne, os apaixonados fãs da Fórmula 1 terão pela frente o maior teste do revolucionário pacote de mudanças que a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) impôs para a temporada 2009.

O objetivo das alterações é simples: facilitar as ultrapassagens e aumentar a competitividade e a emoção. "Depois da disputa eletrizante entre Lewis Hamilton e Felipe Massa em 2008, ninguém aguentaria mais aquelas corridas arrastadas, com poucas ultrapassagens e meia hora de mesmice, diz Luciano Burti, ex-piloto de F-1, atualmente competindo na Stock Car Brasil. "Com essas novas regras, a FIA aposta no espetáculo."

O grosso das alterações atinge a aerodinâmica dos carros. A asa dianteira ficou mais baixa e larga e ganhou flaps móveis que podem ser regulados até duas vezes por volta pelo piloto, o que permite compensar desequilíbrios do carro como o gasto desigual de pneus, por exemplo. Boa parte das asas laterais foi removida, o assoalho perdeu sua curvatura e o aerofólio traseiro teve a largura limitada. "O carro está completamente diferente.

As regras mudaram de maneira evidente", afirmou o piloto brasileiro Felipe Massa, da Ferrari, pouco depois de testar o novo modelo pela primeira vez.Com essas medidas, a FIA espera garantir estabilidade aos bólidos em baixas velocidades ou quando um carro está no vácuo do outro – situação comum nas largadas e ultrapassagens.

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"Trata-se de uma engenharia completamente nova", explica Lívio Orichio, jornalista especializado em Fórmula 1. "A premissa é depender menos da pressão aerodinâmica e mais da aderência mecânica para garantir estabilidade."

Na temporada passada, os carros só grudavam na pista quando o vento corria com velocidade por suas carrocerias, gerando forças descendentes que os firmavam no asfalto. O problema é que essas forças perdiam efeito em baixas velocidades e as poderosas máquinas ficavam soltas em momentos cruciais. Com as asas dianteiras, laterais e traseiras remodeladas para 2009, os veículos até podem perder estabilidade em altas velocidades, mas têm garantida a dirigibilidade em momentos críticos, como as ultrapassagens e as curvas lentas.

A volta dos pneus slick, sem sulcos e ranhuras, foi outra medida adotada para melhorar a aderência mecânica. A superfície lisa aumenta o contato da borracha com a pista, reduzindo ainda mais a dependência da pressão aerodinâmica. "Com o tempo, a gente se acostuma e as reações passam a ser automáticas", diz Massa.

Outra novidade com a qual ele terá que se acostumar é o KERS – sigla, em inglês, para Sistema de Recuperação de Energia Cinética. Esse equipamento, por enquanto opcional, mas já presente nas poderosas Ferrari e McLaren, entre outros, consumiu US$ 30 milhões em pesquisa às equipes que optaram por desenvolvê-lo. Ele funciona acumulando energia das frenagens e transformando- a em até 80 cavalos de potência extra a serem usados por sete segundos em cada volta.

É como se um turbo entrasse em ação com o simples apertar de um botão instalado na pequena e complicada direção dos F-1, já abarrotada de controles. Entre os especialistas, restam dúvidas sobre a eficiência e a praticidade do sistema, mas ninguém com dinheiro e sede de vitória abre mão de 80 cavalos que podem ser decisivos em uma ultrapassagem ou uma saída de curva. "A Fórmula 1 vai ficar bem melhor neste ano, já que muito da estratégia volta para as mãos dos pilotos", opina Burti. É esperar e torcer pelos três brasileiros que competem em 2009 na categoria: Felipe Massa, Nelson Piquet Jr. e Rubens Barrichello.