Médicos dos principais centros oncológicos do mundo estão investindo em um valioso aliado para recuperar pacientes com câncer: a ginástica. A atividade física apresenta vários benefícios para esses indivíduos. Ela fortalece a musculatura debilitada pelos efeitos do tratamento, combate a fadiga causada pela quimioterapia e o inchaço nos braços decorrente das cirurgias de mama e ainda tem um impacto positivo na saúde psicológica – há redução de eventos de depressão e uma considerável melhora da auto-estima.

Esses resultados têm levado importantes serviços médicos a criar programas de fitness em suas instalações ou fazer parcerias com academias. Nos Estados Unidos, a malhação para pacientes com câncer já faz parte, por exemplo, do Bendheim de Medicina Integrada, localizado em Nova York. O local é patrocinado pelo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, referência mundial no tratamento da enfermidade. As aulas são projetadas levando em conta a condição física do paciente e incluem exercícios aeróbicos, musculação, alongamento e ioga. “Observamos que, a partir desse trabalho, eles assumem um papel mais ativo no tratamento com efeito significativo na recuperação”, afirma Donna Wilson, coordenadora do Centro de Medicina Integrativa do Memorial. Programa similar é feito pela Associação Cristã de Moços, em parceria com a Fundação Lance Armstrong, em dez Estados americanos.

No Brasil, a novidade está chegando devagar. Entre os poucos que já incluem a atividade física no tratamento estão o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, e o Centro Paulista de Oncologia, em São Paulo. O Inca oferece musculação e hidroginástica, entre outras atividades. Recentemente, contratou especialistas em educação física para elaborar programas que contemplem as necessidades dos pacientes. A fisioterapeuta Silvia Bacelar, do instituto, acredita que parte dos benefícios se deve à associação do fitness com a saúde. “É diferente da fisioterapia, que está muito ligada a uma atividade de tratamento”, afirma.

Para o médico Marcelo Aisen, do Centro Paulista de Oncologia, o treinamento também resgata a autonomia dos pacientes. “Eles ficam mais seguros para voltar à rotina”, diz. A recomendação é de que os pacientes conversem com o médico antes de iniciar qualquer atividade e que ela seja orientada por profissionais qualificados.