No milionário futebol inglês, a segunda- feira 1º, última oportunidade para contratações internacionais para esta temporada, foi um dia de grandes jogadas, com quase 50 transações de atletas. O Manchester City protagonizou a mais reluzente, a contratação do atacante Robinho por R$ 96 milhões. O curioso é que o time havia sido adquirido poucas horas antes por um grupo dos Emirados Árabes Unidos, o Abu Dhabi United Group (Adug), por cerca de R$ 588 milhões. “Podemos vencer na primeira divisão? Sim. Podemos vencer a Liga dos Campeões? Sim. O dinheiro não é uma preocupação para nosso grupo”, disse o bilionário árabe Sulaiman al Fahim, representante do Adug. Na liga de futebol mais badalada da atualidade a forte entrada de petrodólares era uma questão de tempo. Afi nal, hoje, dois terços dos clubes ingleses estão nas mãos de bilionários globais.
Com tanto dinheiro em jogo, o futebol inglês converteu-se no novo eldorado para atletas brasileiros. Na década de 80, a Itália era o objetivo da elite dos jogadores interessados em uma carreira internacional. Em seguida, foi a vez de a Espanha, com times ricos como Real Madrid e Barcelona, adquirir nossas estrelas. O momento agora é dos clubes ingleses. “Muitos jogadores queimaram o fi lme na Itália e Espanha indo embora porque não gostavam da comida ou por saudade. Na Inglaterra isso ainda não aconteceu”, diz o comentarista esportivo da Jovem Pan Flávio Prado.Hoje, há mais de 20 brasileiros atuando no país. Nesta temporada, o Chelsea contratou o técnico Felipe Scolari, que trabalhará com Alex e Belleti. Robinho jogará ao lado de Elano e Jô, uma das revelações da Olimpíada de Pequim, no Manchester City. O Arsenal conta em sua equipe com Denílson.
Disputada por 20 times, a premier league da Inglaterra é uma das mais prestigiadas do mundo. Os estrangeiros começaram a adquirir clubes ingleses no início da década e injetaram boas somas de dinheiro neles. A origem dos recursos nem sempre é a mais transparente – mas os ingleses não ligam para isso. O magnata russo Roman Abramovich foi um dos primeiros cartolas polêmicos. Ele comprou o Chelsea em 2003 com sua fortuna construída nos ramos de petróleo, alumínio e aviação. O americano Malcolm Glazer é o maior acionista do Manchester United desde 2005 e o russo Alisher Usmanov, do Arsenal desde 2007.
Sulaiman al Fahim junta-se ao clube dos cartolas com os bolsos recheados de dinheiro, pois o grupo que representa tem US$ 400 bilhões. Ele é uma espécie de Donald Trump das arábias. À semelhança do programa O aprendiz, apresentado pelo empresário americano, ele tem um reality show no qual dois times de executivos – um inglês e outro americano – disputam para ver quem leva o prêmio de R$ 1,7 milhão. Aos 31 anos, é o 16º homem mais rico do mundo árabe. Nasceu em família de posses, mas aumentou sua fortuna com a empresa de construção civil Hydra Properties, fundada por ele em 2005. Ele cultiva estreitas ligações com a família real de Abu Dhabi, que é uma das investidoras de seu grupo, e adora holofotes, sobretudo ser fotografado ao lado de celebridades de Hollywood. Um dos seus sonhos é levar o craque português Cristiano Ronaldo do Manchester United para o Manchester City. Ele está disposto a pagar mais de R$ 400 milhões pelo passe do jogador. Seria um gol de placa.