Quem chega ao Pantanal tem a impressão de que tudo está em outra cadência. O cotidiano se desenrola num ritmo particular nessa enorme área verde de onde se pode ver o céu, soberano, de qualquer ponto de vista. Ao avistar pela primeira vez o horizonte pantaneiro, o visitante se dá
conta de que o “ser estranho” por ali é ele, que deve se adaptar ao ritmo da natureza. A região, famosa pela vocação pecuária, começou a receber turistas há cerca de 15 anos. Desde então, os visitantes não pararam mais. Boa parte das fazendas de gado adaptou sua estrutura para recebê-los sem alterar muito as atividades normais, o que proporciona ao turista a possibilidade de vivenciar o dia-a-dia da região.

É o turismo rural, na moda entre habitantes de grandes centros. Mas o Pantanal vai além disso. O que mais atrai forasteiros estrangeiros é o turismo de contemplação. Nada mais justo numa área que abriga cerca de 600 espécies de pássaros, mais do que existe em toda a Europa. E agora os brasileiros também descobriram os encantos de uma das maiores extensões úmidas do planeta. “No início da expansão do turismo no Pantanal, apenas 20% dos visitantes eram daqui. Hoje, 50% dos turistas que visitam o Pantanal Mato-Grossense vivem no Brasil”, diz Roberto Klabin, proprietário do Refúgio Ecológico Caiman, uma das opções de hospedagem no Pantanal, com 53 mil hectares.

Os pacotes turísticos incluem cavalgadas, canoagem e passeios a pé ou de caminhão pelas fazendas. O objetivo é avistar animais e plantas. Os melhores horários para isso são a manhã – a partir das 5 ou 6 horas –, o final da tarde e a noite, quando alguns animais mais arredios dão o ar da graça. No céu, um show à parte enche os olhos. O sol nasce e morre tingindo tudo de vermelho, laranja, azul e lilás. Nas idas e vindas da noite, parece que o tempo pára. E tudo se transforma num espetáculo exuberante de luzes, cores e sons. Além das aves, os jacarés estão por toda parte e as onças são as vedetes. É raro encontrá-las. Quando acontece, é um evento. Peões e guias têm um acordo: quando alguém avista uma onça-pintada, ameaçada de extinção, paga uma rodada de cerveja para os outros. Ao cair da noite, além das caminhadas, os turistas se deliciam com jantares típicos com churrasco pantaneiro, guisado e arroz- de-carreteiro embalados por modas de viola a Almir Sater, enquanto esperam o sono bater e o sol voltar para um novo espetáculo.