08/12/2007 - 10:00
Giramundo, com Fernanda Porto (Trama) – Maior referência feminina da música eletrônica brasileira, a paulistana Fernanda Porto foi revelada através das batidas drum’n’bass de seu primeiro álbum, lançado em 2002. Por meio do balanço quebrado de Sambassim, a cantora e multiinstrumentista bombou nas pistas misturando MPB com música eletrônica, vendendo mais de 100 mil CDs. Passada a febre, ela volta com um trabalho que foge bastante do gênero que a deixou conhecida. Apenas em Roda viva, que conta com a participação de Chico Buarque, Fernanda segue a receita de Sambassim. Com um espectro mais variado de ritmos, a paulistana vai do pop rock de o Assalto ao reggae de Giramundo, passando até pelo frevo de Ninguém manda. O romantismo também marca presença em Seu lugar e Outra margem do rio. (Marcos Simielli)
Projeto Alfa Vol. 1 e 2, com Lanny Gordin (Baratos Afins) – Conhecido como o guitarrista da tropicália, no final dos anos 60 Lanny povoou de sons impossíveis os arranjos criados pelo maestro Rogério Duprat para os discos de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Macalé e Gal Costa, entre outros. Depois de um período de ostracismo que passou tocando em casas noturnas, o músico favorito do mutante Sérgio Dias e do novo baiano Pepeu ressurge mais afiado do que nunca, pelas mãos do produtor Luiz Calanca. Um show de competência, criatividade e bom gosto, proporcionado pelo grupo formado por Guilherme Held na guitarra, Fábio Sá no contrabaixo elétrico e acústico e Zé Aurélio na percussão, músicos que nem sequer eram nascidos quando Lanny era rei. Os discos contam com a participação especial de Márcio Negri, sax tenor, e do genial Bocato, trombone. (Luiz Chagas).
Cinema
Lado selvagem (Em cartaz em São Paulo) – Com
suas vilas abandonadas e ruínas por toda a parte, o norte da França foi o cenário escolhido pelo diretor francês Sébastien Lifshitz para contar uma história de amor a três. Stéphanie (Stéphanie Michelini), no papel de si própria, é um transexual que volta para casa depois de 15 anos em Paris, para cuidar da mãe (Josiane Stoléru) à beira da morte. Junto com ela vêm Djamel (Yasmine Belmadi), um jovem árabe, que apesar de franzino, vive de prostituição. Outra companhia é Mikhail (Edouard Nikitine), refugiado russo monoglota e sensível, apesar de abrutalhado. O título do filme foi tirado de uma música de Lou Reed, o que não deixa de ter uma certa coerência, já que a situação guarda muito de Trash, de Andy Warhol. Como no clássico de Warhol, na sociedade corrupta do filme só os marginais são puros. (Luiz Chagas)
Livros
Uma viagem pessoal pelo cinema americano, de Martin Scorsese e Michael Henry Wilson (Cosacnaify, 224 págs., R$ 65) – Há dez anos, o diretor americano Martin Scorsese assinou um excelente documentário a convite do British Film Institute de Londres, feito a propósito da comemoração dos 100 anos do cinema. É justamente o roteiro do programa que acaba de ser publicado, substituindo os trechos de filmes por fotos correspondentes. Recorrendo a trabalhos de gigantes da tela, como John Ford, Billy Wilder e Orson Welles, Scorsese retrata o diretor de filmes como contador de histórias, ilusionista, contrabandista e iconoclasta. “Sempre achei que ser alfabetizado visualmente é tão importante quanto ser alfabetizado verbalmente”, afirma. Atravessado por erudição e paixão pelo ofício, o belo volume cumpre a tarefa com perfeição. (Ivan Claudio)