08/12/2004 - 10:00
O primeiro produto da parceria entre o Corinthians e o grupo Media Sports Investiment (MSI) foi a polêmica. A situação e a oposição, contrária ao acordo, trocaram chumbo grosso, com acusações de lavagem de dinheiro e de tentativa de corrupção. E a primeira atitude dos novos líderes do clube, a contratação do meia ofensivo do Boca Juniors e da seleção argentina Carlos Tevez, por cerca de US$ 22 milhões, segue a tendência de despertar amor e ódio. Nascido no bairro pobre de Forte Apache, em Buenos Aires, Carlito, 20 anos, sabe jogar bola, mas não é definitivamente um adepto da vida convencional. Semanas atrás, anunciou, num único dia, o fim do noivado, o início do namoro com uma modelo sete anos mais velha e a descoberta de que uma mulher esperava um filho seu – justamente a ex-noiva que acabava de deixar. Numa recente viagem a Búzios com a nova paixão, cobriu de tapas um fotógrafo que insistia em roubar imagens do casal.
O jogador receberá US$ 2 milhões por ano. Não faltaram provocações e maldades para brindar a transação. O diário argentino Olé sugeriu a Tevez
“usar camisinha” por aqui. A imprensa “hermana” afirmou que o Brasil precisou importar um argentino para levantar seu futebol. E que, infelizmente, eles mandaram para cá a promessa de um novo Dios Maradona, algo raro, já que promessa de Pelé eles descobrem uma por semana. Na era do futebol globalizado, Tevez fez a festa dos corintianos, mas também desapontou uma legião de admiradores por aqui. Um deles é um garoto de dez anos, filho de mãe argentina e pai brasileiro. Torcedor do Boca e do São Paulo, não mediu palavras para mostrar sua decepção ao ver o ídolo deixar um de seus times e desembarcar no rival do outro: “Ele não deveria vir, porque poderá ter uma contusão séria quando pisar no campo deles com aquele gramado horrível.” Torcedor apaixonado, como o próprio nome diz, existe para isso mesmo: torcer os fatos.