15/12/2004 - 10:00
Enquanto o sol castiga os oito mil quilômetros de costa brasileira e arrasta multidões para curtir o verão com o pé na areia, vale a pena vestir casaco e cachecol e correr para as mais badaladas estações de esqui do Hemisfério Norte. Até março, temperaturas abaixo de zero convidam os turistas a conhecer o aconchego e a adrenalina das montanhas da América do Norte e da Europa. E nem é preciso praticar esportes de neve. Das Montanhas Rochosas aos Alpes suíços, a alta gastronomia, hotéis sofisticados e várias atrações são garantia de ótimas férias. Pelo menos para aqueles que se prontificarem a enfrentar o vento cortante e os preços nesses paraísos gelados. Vale cada centavo.
Em tempos de irritante burocracia e funcionários de imigração prontos a criar obstáculos nos EUA, a melhor alternativa é seguir para a Europa e ir ao encontro das origens dos esportes de neve. Na Suíça, onde brasileiro não precisa de visto e a moeda é o franco suíço, que vale cerca de R$ 2,50, vilarejos como Zermatt, Engelberg, Saas Fee ou as já consagradas Davos e St. Moritz são a certeza de que o esqui só podia mesmo ter nascido nesse país com 7,1 milhões de habitantes espalhados por 41,3 mil km2 (o tamanho do Estado do Rio de Janeiro e a metade de sua população). São mais de 40 estações de esqui, somando 5,7 mil km de pistas que atraem até três milhões de turistas entre novembro e abril. Na última temporada, dez mil brasileiros pisaram a neve suíça, a maioria em St. Moritz e Zermatt, na fronteira com a Itália. Ali, o monte Matterhorn assiste do alto de seus 4.478 metros aos esquiadores e snowboarders que se aventuram nas pistas da região.
Como a Suíça é recortada por ferrovias, vale a pena ir de Zurique a outra cidade de trem. Cada região tem seus atrativos. De Interlaken, por exemplo, é possível alcançar Jungfrau, montanha com 4.158 metros próxima da qual está localizada Jungfraujoch, a mais alta estação de trem do país, 3.454 metros acima do nível do mar. Já Engelberg, charmoso resort de neve com três mil habitantes, é a porta de entrada (ou de subida) para a Titlis Mountain, onde os visitantes se dividem entre as pistas e atrações mais leves como o snowtube – espécie de tobogã na neve em que o praticante desliza sentado em um grande pneu.
Quem preferir os EUA deve se dirigir às Montanhas Rochosas, entre Utah e Colorado. Nos quesitos tradição e agito, Aspen é invencível. Mesmo o ar arrogante de alguns de seus habitués passa despercebido perante a magia do mais movimentado pátio de esqui do continente. Já em Park City, a menos de uma hora de Salt Lake City, a infra-estrutura herdada das Olimpíadas de Inverno de 2002 garante a presença de muitos jovens e esquiadores profissionais. Mais ao norte, a estação de Whistler, no Canadá, convida os amigos da neve a conhecerem a cidade onde será realizado o Campeonato Mundial de Snowboard em janeiro e as Olimpíadas de Inverno de 2010. O motivo é simples: nos últimos anos, Whistler tem ocupado o topo da lista dos melhores destinos de esqui do continente, graças à neve com média anual de nove metros de profundidade. Os mais ousados podem provar o heli-skiing, ou seja, saltar de um helicóptero em movimento com os esquis devidamente calçados e seguir ladeira abaixo. Além das roupas de frio, recomenda-se levar o escapulário, a figa e o patuá.