Desgastes nos relacionamentos acontecem com todo mundo. Muitas vezes, as complicações surgem a partir de desencontros na cama. Com o avanço da idade, a tendência é que elas tenham menos lubrificação vaginal. Eles, em contrapartida, podem sofrer de disfunção erétil, mal que acomete 152 milhões de indivíduos no planeta. E ao problema se soma outro: quando percebe que algo está errado com seu desempenho sexual, o homem geralmente fica constrangido, sente-se menos viril e se cala. E a mulher sofre em silêncio imaginando que o parceiro perdeu o desejo. Trata-se de um quadro global. Pesquisa realizada em oito países – Espanha, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, México, Canadá e Brasil – aponta que, apesar da existência de medicamentos (Viagra, Cialis e Levitra) e da popularização do tema, ainda há falta de comunicação entre o casal e entre pacientes e médicos.

Patrocinado pelo laboratório Bayer, o estudo da Aliança Européia de Disfunção Sexual foi divulgado em Londres na semana passada. Foram ouvidas 1.370 pessoas (especialistas, homens com impotência e suas mulheres). Os pesquisadores concluíram que frequentemente abordar o tema é tabu para todos, até para urologistas e terapeutas sexuais. Em relação aos portadores, é comum que o caminho seja disfarçar ou esconder o problema das parceiras. Com base nesses dados, a entidade européia lançou uma campanha para incentivar casais e médicos a abordarem o tema com mais tranquilidade. Segundo a pesquisa, apenas metade dos homens com impotência procura um médico. E, daqueles que receberam o diagnóstico, somente 20% fazem algum tratamento. “Muitas vezes, a falha é do especialista, que se sente constrangido em perguntar. Por isso, a campanha é direcionada também a eles”, diz o austríaco Siegfried Meryn, presidente da Sociedade Internacional de Estudos da Sexualidade do Homem e um dos responsáveis pelo estudo.

Do momento em que descobrem a impotência até chegar ao tratamento, os homens tomam muitas atitudes: discutem o assunto com a parceira, procuram um medico e, se possível, levam a parceira à consulta para juntos identificarem as causas da impotência, que pode ser orgânica ou psicológica. Mas ainda há muita resistência em discutir a dificuldade sexual. De acordo com o psicólogo William Fisher, da Universidade de Connecticut (EUA), admitir o problema ajuda a resolvê-lo. “Na maioria das vezes em que a causa não é física, curar a disfunção se divide em 90% de conversa e 10% de remédio”, afirma.

Para as mulheres, os remédios não funcionam tanto pela ereção em si, mas pelos efeitos psicológicos que causam no parceiro. Isso é demonstrado por um levantamento do Projeto Sexualidade, da Universidade de São Paulo, coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo e feito com 2,1 mil brasileiras. As entrevistadas informaram que, iniciado o tratamento, o relacionamento do casal melhorou porque os maridos ficaram mais seguros, interessantes e calmos.

* A repórter viajou a convite da Bayer