22/12/2004 - 10:00
O jantar de comemoração dos dez anos do Mercosul aconteceu em Belo Horizonte, no Museu de Artes e Ofícios, na quinta-feira 16. Sentados à mesa com o presidente Lula e o governador mineiro, Aécio Neves, estavam, entre outros, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, o do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, e o da Venezuela, Hugo Chávez. Também estava lá uma privilegiada convidada: Kátia Mello, da editoria de internacional de ISTOÉ. Discreta, mas atenta, Kátia nos relata, à pág. 102, que os ruídos entre Brasil e Argentina não foram suficientes para tirar o brilho da festa nem comprometer os esforços do Itamaraty. Kátia notou, por exemplo, que se o vinho branco servido era de procedência chilena – um Casa Rivas Sauvignon Blanc – o tinto, Dolium Malbec, veio da Argentina, numa clara demonstração de esforço para evitar intrigas desnecessárias.
O competentíssimo Celso Amorim, chanceler brasileiro e ao mesmo tempo bombeiro das relações bilaterais, ressaltou o crescimento comercial entre países do Mercosul, principalmente Brasil e Argentina. O presidente Lula em seu discurso reforçou: “Não queremos brigar com ninguém. Queremos traçar nosso destino, andar com nossas pernas, ver com nossos olhos e falar com nossa boca.”
Lula, que tem na política externa um de seus pontos altos, encerra o final da metade de seu governo já de olho em um segundo mandato. Para isso, ele fecha o ano fixando um salário mínimo de R$ 300, a partir de maio de 2005, e fazendo uma ligeira correção no Imposto de Renda. As pesquisas CNI-Ibope e CNT-Sensus mostram que hoje ele é um candidato imbatível. O risco-país, medido pelo Embi – Emerging Markets Bond Index (índice de títulos da dívida de mercados emergentes), atingiu na tarde de sexta-feira 17 a marca dos 392 pontos, a segunda mais baixa da história.
Se Lula já pensa em 2006, o mesmo acontece com pefelistas e tucanos. Cesar Maia despontou como candidato oficial do PFL e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso passou as últimas semanas afiando o bico e cuidando da plumagem. Sem falar nos peemedebistas, de cuja confusão atual deve sair presidenciável o ex-governador do Rio Anthony Garotinho.
Mas, se Lula deitar em cima desses números, impedindo que eles se traduzam
em mais empregos e mais dinheiro no bolso dos trabalhadores e da classe
média, é claro que as pesquisas podem mudar de lado. As eleições municipais deixaram isso bem claro.