Apesar de sexagenários, Wes Craven, o criador de Freddy Krueger, e George Romero, o lendário inventor do horror moderno, estão nas telas com produções novas, dispostos a provocar arrepios e fazer os espectadores desviarem os olhos da tela nas cenas mais nojentas. Ao contrário do que se poderia esperar, Romero se saiu muito melhor com o esperançoso Terra dos mortos (Land of the dead, Canadá/Estados Unidos/França, 2005) do que Craven com o moralista Amaldiçoados (Cursed, Alemanha/Estados Unidos, 2005), ambos em cartaz nacional. Psicólogo e professor de literatura, Wesley Earl Craven, 66 anos, estreou o primeiro A hora do pesadelo, que resistiria a seis seqüências, em 1982. Valendo-se do charme de Neve Campbell e dos roteiros de Kevin Williamson, Craven parecia ter encontrado um caminho mais pop com a trilogia Pânico, iniciada em 1996. Tudo em vão. Em Amaldiçoados, uma história básica de lobisomens que, entre outros pecados, procura tornar sexy a esquisita Christina Ricci, a dupla Craven-Williamson compara a mordida do lobisomen ao perigo do contágio sexual. O homem-lobo é mau porque é promíscuo, e assim vai.

George Andrew Romero, 65 anos, um apaixonado por cinema desde a adolescência, produziu o seu A noite dos mortos-vivos, de 1968, em preto-e-branco e com a ajuda de amigos. Terra dos mortos é o quarto episódio estrelado por zumbis e custou US$ 18 milhões, a metade de Amaldiçoados. O elenco combina os experientes Dennis Hopper e John Leguizamo com atores típicos de produções B. E o resultado não poderia ser melhor. Em meio a um mundo à beira da contaminação – para quem não conhece, os mortos-vivos se alimentam de carne humana e produzem mais mortos-vivos –, Romero lança seus zumbis em uma verdadeira luta de classes, com Hopper fazendo um magnata cujo castelo é um shopping center, tendo à sua volta cercas de arame farpado que mantêm os seres em decomposição a distância. Assim como aqueles que não têm dinheiro.