Mesmo com os avanços da medicina, a Aids ainda é um inimigo que merece atenção máxima. Afinal, a epidemia se expande num ritmo que afetará as próximas três gerações. É o que garante o cientista americano Robert Gallo, co-descobridor do vírus da Aids. “Um dos motivos para isso é a existência de vários subtipos de HIV. E sua resistência aos medicamentos”, argumentou, referindo-se ao fato de que alguns pacientes não reagem mais aos remédios. Pesquisador da Universidade de Maryland (EUA), ele foi o destaque do fórum Aids: as Novas Descobertas e o Modelo Brasileiro de Assistência, que ocorreu na semana passada, em São Paulo.

Promovido pelo Grupo Três Editorial, o evento discutiu novas pesquisas e estratégias para enfrentar o problema. Em 2004, a Aids matou 3,5 milhões de pessoas no mundo. A abertura do fórum foi feita por Domingo Alzugaray, presidente do Grupo Três. Ele ressaltou a importância do trabalho de pesquisadores como Gallo, que há 25 anos estuda a doença. “É graças à dedicação desses cientistas que o sonho da cura pode estar mais perto”, afirmou.

Para Gallo, o Brasil tem de se manter atento ao trabalho de grandes centros de pesquisa. Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, concordou. “Temos de acompanhar as experiências de fora”, disse. Por
outro lado, o cientista criticou a distribuição gratuita de remédios e a tentativa de quebra de patentes para baratear os custos da terapia, como já sinalizou o
governo brasileiro. Segundo o cientista, os laboratórios investem muito em
pesquisa e precisam ser remunerados por isso. Gallo sustentou que cabe àqueles de maior poder aquisitivo o financiamento para que os mais pobres possam ter acesso às conquistas da ciência. No Brasil, o governo subsidia o tratamento e
essa política é referência mundial.