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Que tal trocar a rotina por algumas semanas de surfe no Havaí e ainda voltar com o inglês turbinado? Ou, então, passar seis meses como voluntário na Costa Rica? Quem sabe ir para Pequim, estudar mandarim e aprender pintura chinesa? Entre a infinidade de opções de intercâmbio de estudantes para outros países, é possível até passar uma temporada cuidando de filhotes de leão e outros animais selvagens em localidades na África. Nem a tradicional high school escapou da repaginação: o programa do Class Afloat do Student Travel Bureau (STB), por exemplo, oferece parte do ano letivo em altomar, em um veleiro, com direito a aulas de oceanografia e biologia marinha.
Tantas modalidades exóticas e atividades de lazer aliadas aos cursos que antes apenas ensinavam o idioma in loco refletem uma mudança no público. Os jovens dispostos a cursar parte do ensino médio no Exterior ganharam a companhia de outras faixas etárias, objetivos e interesses. Cláudia Martins, gerente de comunicação do STB, afirma que as pessoas que procuram o intercâmbio têm perfis bem distintos. “Muitos querem tirar um período sabático, de alguns meses, para absorver melhor a cultura de um determinado local.” Dentro dessa proposta, a busca por cursos combinados, que podem conjugar vinho e inglês na África do Sul, ou italiano, arqueologia e história da arte na Itália, por exemplo, cresceu 19% nos últimos quatro anos. Para a autora do guia Intercâmbio: aí vou eu!, Flavia Mariano, não causa espanto a variedade de opções. “As empresas montam o programa com tudo que você sonhar”, afirma a escritora.

A estudante de ciências biológicas Laila Vaz, 20 anos, resolveu aproveitar o intercâmbio de voluntariado com animais selvagens na África para conhecer melhor a área em que pretende se especializar: grandes felinos. “Aproveitei todas as atividades, como cuidar dos bichos e atender o público, para praticar o inglês”, conta Laila. Com destinos na África do Sul, no Quênia e na Namíbia, os programas da Central de Intercâmbio, focados na preservação de espécies como elefantes, chitas, babuínos e leões, existem desde 2006, e em dois anos a procura triplicou.
Se o idioma não é mais o motivo principal para viajar, continua sendo uma vantagem enorme voltar com ele na ponta da língua. A engenheira Cléa Santos, 24 anos, fez um intercâmbio focado em trabalho social de seis meses para a Costa Rica, ligado à educação. “Foi fundamental para a pessoa que eu sou hoje”, afirma Cléa. “E eu não falava nem uma palavra de espanhol antes de ir. Hoje, consigo ouvir, falar, ler e escrever bem nesta língua.” O próximo passo é encaixar nas férias um intercâmbio mais curto, na África. Opções não faltam: a organização não-governamental AFS Intercultura, que intermediou a viagem de Cléa, oferece programas de voluntariado em cerca de 30 países.
Quem está vivendo um clima mais relax pode aproveitar a ocasião para surfar em praias paradisíacas, em destinos como Havaí e Austrália. Foi o que fez a estudante Luiza Fontana, 21 anos. “Trabalhava de dia, estudava inglês de noite e viajava para surfar. Alguns dos meus instrutores eram profissionais, como os Bra Boys (grupo de surfe de Sydney)”, lembra Luiza. A estudante de marketing acredita que foi durante as aulas de surfe, no contato com os nativos, que ela soltou a língua e pegou o jeito com o sotaque. A Austrália, por sinal, é um dos destinos que mais têm atraído estudantes. De acordo com o Consulado-Geral do país, ano passado mais de 12,5 mil brasileiros desembarcaram lá para estudar, 25% a mais do que em 2006. A expectativa para 2008 é que esse número cresça 15%. Normalmente, quem experimenta um intercâmbio quer mais. O estudante de turismo Tiago Marques, 22 anos, fez o primeiro por seis países da América Latina, aos 19 anos, como voluntário. Durante a faculdade, conseguiu um estágio em hotelaria, nos Estados Unidos. Agora está na Suíça, por meio de um convênio que a Universidade Anhembi Morumbi tem com instituições em diversos países. E já está de olho na próxima parada: ser trainee em Dubai, nos Emirados Árabes. “Ter relações com outras culturas ajuda a entender diferentes percepções de mundo”, diz Tiago. Para ele, viajar é mais que preciso.