29/12/2004 - 10:00
O já sorridente Ronaldinho Gaúcho ganhou um motivo ainda maior para escancarar a dentição mais famosa do planeta. O craque do Barcelona levou na segunda-feira 20, em Zurique, o prêmio de Melhor Jogador do Mundo de 2004 (Fifa World Player). Depois de Romário (1994), Ronaldo (1996, 1997 e 2002) e Rivaldo (1999), Ronaldinho é o quarto brasileiro na história a conquistar esse título. Participaram da eleição 157 técnicos de futebol e 145 capitães de times de todo o mundo. Eleito com 620 pontos (contra 552 outorgados ao francês Therry Henry) o brasileiro cubriu-se de aplausos e glória na festa de gala da Ópera de Zurique. “Esse prêmio me motiva a continuar trabalhando para voltar aqui outras vezes. É um reconhecimento ao meu trabalho e acima de tudo ao trabalho da equipe”, disse Ronaldinho.
Ronaldinho ri. E fala
ISTOÉ – Quais foram os seus melhores
jogos em 2004?
Ronaldinho – Os clássicos são os mais emocionantes. Se tivesse de escolher, ficaria com os jogos que eu disputei contra o Milan e o Real Madrid.
ISTOÉ – O que é uma boa jogada?
Ronaldinho – É quando me vejo deixando a bola no pé de um companheiro, na boca do gol. Quando faço uma boa assistência para gol eu durmo feliz.
ISTOÉ – E como é acordar sendo, oficialmente, o melhor jogador do mundo?
Ronaldinho – Acho que é despertar com a sensação de estímulo, de recompensa.
ISTOÉ – Como você gosta de comemorar suas vitórias?
Ronaldinho – Ao lado das pessoas que eu amo. Com churrasco e pagode.
ISTOÉ – Ao marcar alguns gols nessa temporada você comemorou com
passinhos de samba. Que paixão é essa pelo samba?
Ronaldinho – Eu sou um cara bem musical. Isso aparece na maneira como eu jogo e como levo a minha vida, dançando conforme a música.
ISTOÉ – Outra forma de comemorar seus gols
é sair correndo por trás do gol, gritando
“Eu sou f…”. Você se acha f…?
Ronaldinho – Não (risos). Não é um grito de eu
sou o melhor, mas de desabafo. Disse isso em momentos em que eu sentia que precisava fazer mais. E fiz. Me superei.
ISTOÉ – Você pretende renovar o contrato com o Barcelona por mais dez anos?
Ronaldinho – A gente nunca sabe o que vai acontecer amanhã. Mas hoje não me imagino em outro time. Adoro a cidade, o clube e a minha vida no Barça.
Fora de campo
Ao contrário de muitos astros do futebol mundial, Ronaldinho Gaúcho, o maior deles na atualidade, não gera na mídia notícias sensacionalistas. Nada de bebedeiras, nada de noitadas, nada de mulheres escandalosas. Ronaldo de Assis Moreira, o menino que aos 15 anos vestiu pela primeira vez a camisa da Seleção Brasileira, é um jovem de 24 anos que mantém uma rotina simples. Discreta até. Apesar dos astronômicos R$ 23 milhões que ganha anualmente (somando o salário do Barcelona com as publicidades da Nike e de outros patrocinadores), ele transita com naturalidade (e com a tranquilidade da qual não abre mão) pelas ruas de Barcelona.“Não sou santo”, disse ele a ISTOÉ. “Mas também não exponho minha vida particular à toa.” Fã de hip hop e pagode, Ronaldinho costuma bater ponto, nas noites de quarta-feira, na black music da sala Bikini. E aos domingos se esbalda no pagodão do Passió Brasil, bar de brasileiros na cidade de Castelldefels. Não importa o quanto dance, quantas cervejas beba ou quantas horas durma, o craque acorda pontualmente, todo santo dia, às nove da manhã. E vai treinar com um pique invejável. Nos dias de folga fica em casa com a família. Casa que ele chama de “barraco”. E sempre diz: “O barraco é grande e sempre cabe mais um.”