Foi-se o tempo em que ser verde, na arquitetura, era opção. O que começou como tendência em pequenos prédios, que recolhiam água da chuva e geravam parte da energia elétrica em painéis solares, hoje é regra em praticamente toda construção, independentemente de seu tamanho. Os grandes prédios comerciais, a última fronteira para a aplicação dos princípios da sustentabilidade, também se renderam à tendência do ecologicamente correto. É o que mostra uma nova leva de superarranha- céus que crescem pelo mundo.

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Bryant park Os andares têm pé-direito alto,
o que reduz o uso de ar-condicionado

Os projetos incluem torres de mais de 600 metros de altura, construções com formas inusitadas e recursos que, há pouco tempo, não passavam de um sonho. "Até no Brasil, onde a arquitetura sustentável só virou assunto depois da conferência ambiental Eco92, já temos exemplos de grandes prédios comerciais verdes", explica Issao Minami, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).

No País, há edifícios que adotam procedimentos como recolher e reutilizar água de chuva para limpeza e descargas ou economizam energia elétrica com sistemas inteligentes de ar-condicionado. Mas é no Exterior que as soluções sustentáveis para prédios comerciais impressionam. Um exemplo que ainda está no papel, mas já tem data para começar a ser erguido, junho de 2009, é o Centro de Convenções Internacionais de Madri, na Espanha. Toda a sua fachada, que lembra uma fatia do que seria um enorme cilindro, com 110 metros de diâmetro, será forrada por painéis solares e terá reentrâncias e saliências.

A mudança na forma garantirá iluminação natural enquanto o sol estiver brilhando, independentemente do ângulo de incidência da luz. "Usar o sol como uma fonte energética é um dos pilares das construções que querem ser sustentáveis", explica Minami.

Outro projeto de edifício comercial, esse já concluído, que se desdobra para aproveitar a energia solar é a sede do Bank of America, em Nova York, nos Estados Unidos. A obra tem uma característica única – todos os 54 andares da construção têm pédireito superior à média, o que não só aumenta a incidência da luz em dias frios como reduz o gasto com ar-condicionado em dias quentes. Outra preocupação com a sustentabilidade do projeto ficou evidente durante os quatro anos de execução da obra. Todos os materiais utilizados nos 670,6 mil metros quadrados do edifício vieram de fornecedores a, no máximo, 500 milhas de distância do canteiro de obras. Com isso, reduziu-se o impacto ecológico do transporte.

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Centro em madri Fachada da obra será
forrada de painéis solares

Na Ásia, um curioso edifício está sendo erguido, engrossando a lista dos monstros de concreto verdes. Com obras iniciadas em novembro de 2008, o Shanghai Tower, na China, terá 632 metros de altura, 120 andares e 30,4 mil metros quadrados de área. A forma espiralada da construção reduzirá a força dos ventos no edifício em 20%, o que diminuirá os gastos com a estrutura do prédio. Mas o vento, nesse projeto, não é só inimigo. Turbinas eólicas instaladas no último andar produzirão energia elétrica para o condomínio, numa iniciativa inédita no setor. "Todas essas tecnologias têm um preço que pode parecer muito alto na hora da obra, mas elas representam, em média, só 2% no custo total da empreitada", afirma Luiz Henrique Ceotto, diretor de design e construção da Tishman Speyer Brasil. "Gastar um pouco mais no começo é garantia de economia no longo prazo." E de um planeta muito melhor no futuro.

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SHAN GHAI TOWER No topo do prédio,
turbinas eólicas produzirão energia