i96676.jpg 

DESAFIOS No caminho para novo mandato
de Chávez estão petróleo em queda e inflação de 30% ao mês

O resultado apertado e a abstenção considerada baixa (cerca de 30%) são sinais claros de que Chávez começa a enfrentar dificuldades para levar adiante sua revolução bolivariana. Além de defecções importantes entre seus aliados, que debandaram para o outro lado, o presidente tem pela frente grandes desafios para conquistar mais um terceiro mandato. O principal deles é a crise financeira mundial que derrubou o preço do seu maior parceiro, o petróleo, e empurrou a inflação para a casa dos 30% ao mês, agravando a crise de alimentos. Ou seja, até hoje, ironicamente, Chávez surfou na bolha econômica de seu maior inimigo, os Estados Unidos.

Mas agora, com o barril do petróleo abaixo dos 40 dólares, Chávez tem um empecilho para financiar seus programas sociais, chamados de populistas ou assistencialistas por seus críticos. A PDVSA, companhia estatal de petróleo, produz cerca de um quarto menos óleo do que há uma década, enquanto sua dívida é o dobro – resultado de benevolências comerciais, como fornecer petróleo subsidiado a Cuba. Seu maior problema é que, durante sua gestão, nada mudou na estrutura da economia venezuelana e a dependência do petróleo continua crônica. Este ambiente propiciou, desde 2007, um crescimento para a oposição, que, depois de errar muito, propondo inclusive abstenção e golpe, agora encontra um rumo. Os programas sociais sozinhos já não sustentam a popularidade do presidente.

"O único problema é que ainda não há um nome para unir a oposição contra Chávez", afirma o cientista político Aldo Fornazieri, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp). Chávez deve enfrentar seu ex-ministro da Defesa Raul Baduel ou o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma. Os adversários de Chávez conquistaram cinco dos 22 Estados, mas governam centros importantes e populosos, como a capital do país. No quadro internacional, depois da vitória do referendo, a pergunta é se a moda da reeleição eterna pode contaminar outros países da América Latina. "Pode ter algum reflexo na Colômbia", arrisca Fornazieri.