Lançar tendências e despertar desejos, de preferência com glamour. Essa é a função dos profissionais da moda e, cada vez mais, é a missão da tecnologia. Que o digam as operadoras de telefonia. Minutos antes do desfile da VR no Fashion Week de São Paulo, um dos donos da grife masculina, o empresário Alexandre Brett, explicava que não basta ter um bom celular para ficar na moda. “O homem urbano é apaixonado por tecnologia, sempre precisa ter o melhor e o mais moderno. Celular virou símbolo de status”, diz.

Nos últimos anos, os celulares ganharam funções de vários eletrônicos, de PC a filmadora. Com a chegada das redes de alta velocidade, as operadoras apostam em novos serviços, além do download de campainhas, o que inclui localização de pessoas por satélite, internet rápida para enviar e-mails, fotos, vídeos e música, muita música. Na prática, as empresas querem uma fatia de mercado do atual ícone da cultura digital, o tocador de músicas iPod. “Se tem um casamento que pode dar certo, é esse entre mobilidade e produção musical”, diz Luís Avelar, vice-presidente da Vivo, que na semana passada lançou seu serviço de terceira geração, que permite ver tevê na telinha do Samsung Evolution. Além dos últimos lances do futebol e da novela, assim como fazem a Tim e a Claro, a Vivo oferece desenhos animados, imagens eróticas e uma versão de bolso do seriado americano 24 Horas, do canal pago Fox.

Tudo de olho nos brasileiros endinheirados, que trocam de celular pelo menos uma vez por ano, mais do que os europeus. A estilista Glória Coelho é uma delas, já teve mais de dez aparelhos. No início do ano, ela mostrou nas passarelas o porta-celular em forma de ursinho, bolsas de pescoço e de cintura. Todos esgotaram em tempo recorde. Para o próximo verão, ela criou flores bordadas para guardar o telefone. “Não suporto carregar nada na mão”, diz.

O promoter Hélio Calfat, 26 anos, é outro aficionado. Teve mais de 20 modelos
e não sai de casa sem, pelo menos, dois de seus três celulares. O principal ele
usa pendurado no pescoço por uma corrente, é o V3 da Motorola, um exemplo
de design moderno que virou objeto de desejo entre os descolados. “Uma vez
troquei por aquele celular palm top e foi um desastre. Tinha tanta função que
não usei nenhuma”, lembra.