13/07/2005 - 10:00
A notícia caiu como uma bomba nos Estados-Maiores do Brasil e da Argentina: o Paraguai autorizou o estacionamento de tropas dos Estados Unidos no país, cerca de 400 militares americanos que receberiam imunidade e status diplomático para realizar treinamentos. A decisão do Paraguai de autorizar a entrada dos marines teria ocorrido logo depois da renúncia do presidente boliviano, Carlos Mesa, e da derrota da exigência americana, na Assembléia da Organização dos Estados Americanos (OEA), de criar um órgão para “monitorar a democracia” na América do Sul. “Washington deve formalizar agora a criação de uma base militar no Paraguai – onde, há anos, os EUA mantêm um aeroporto semiclandestino em Mariscal Estigarribia, povoado da região do Chaco, a 250 quilômetros da fronteira com a Bolívia, onde podem aterrissar as superfortalezas voadoras B-52 e Galaxys, capazes de transportar grande quantidade de tropas e armamentos”, diz Luis Bilbao, correspondente argentino do jornal francês Le Monde Diplomatique.
Segundo alguns analistas, o objetivo dos militares americanos seria a região
da Tríplice Fronteira (divisa entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai). Nessa região, além da suposta rede terrorista árabe-palestina denunciada pelos EUA, localiza-se
a usina hidrelética de Itaipu, a maior do mundo, de cuja energia depende todo o Paraguai e parte do Brasil. Outros, entretanto, acreditam que Washington está
de olho no combate ao narcotráfico e, principalmente, no controle dos hidrocarbonetos da Bolívia.
A notícia sobre a instalação de uma base militar foi negada pelos governos
do Paraguai e dos Estados Unidos. Os americanos alegam que têm só um
acordo para treinamento conjunto. De qualquer maneira, na semana passada o embaixador americano no Paraguai, John Keane, anunciou um pacote de ajuda financeira ao país para o “combate ao narcotráfico, ao terrorismo, à lavagem de dinheiro e à corrupção”.
Apesar de o Itamaraty não se manifestar oficialmente, militares brasileiros estão preocupados. “A militarização das fronteiras é muito perigosa, estamos começando
a ficar imprensados”, disse o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), referindo-se também à Colômbia. “Isso é uma ameaça à nossa segurança. Os EUA ganharam a queda-de-braço contra a resistência de sua presença na Tríplice Fronteira”, disse o deputado.