Um dos principais desafios da ciência da beleza é encontrar novos recursos que devolvam viço e saúde à pele. E uma das maiores fontes destes tesouros são justamente os alimentos. Depois de apostas em sementes de uva, tutano de boi e até mesmo caviar, a última novidade na área é a descoberta do potencial do ácido fólico, nutriente encontrado em verduras de folhas verde-escuras, laranja, tomate, aspargos e morango, entre outros vegetais. Várias pesquisas publicadas recentemente indicam que a substância tem papel importante na formação de novas células da pele, um processo fundamental para o rejuvenescimento. Isso porque quanto mais células jovens forem geradas, mais rapidamente são substituídas as mais velhas, o que ajuda a manter a bela aparência da cútis. “Para se dividir, toda célula precisa de ácido fólico”, afirma Lynn Bailey, professora de ciência da alimentação e nutrição humana da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, importante pesquisadora do tema.

O ácido fólico contribui ainda no combate e na prevenção de doenças dermatológicas. As pesquisas dedicaram-se inicialmente a temas como melhoria de dermatites, um grupo de males caracterizados pela inflamação das camadas superiores da pele, que causa bolhas, crostas e descamação, entre outros sintomas. Além disso, o nutriente mostrou bons efeitos na recuperação da pigmentação da pele em casos de vitiligo, cujas principais marcas são manchas lisas e esbranquiçadas pelo corpo. Num dos estudos, pesquisadores holandeses constataram que 92% dos 27 pacientes com a enfermidade tiveram toda a pele novamente pigmentada quando se combinou o uso do ácido fólico com a aplicação de raios UVB de baixa intensidade.

Constatações como essas levaram a indústria a perceber que, mais uma vez, ao mirar numa área, a ciência acertou em outra. E essa bastante lucrativa. A capacidade de o ácido fólico agir como regenerador celular abriu uma daquelas janelas únicas para a indústria da beleza, sempre atrás de ingredientes revolucionários para vender a seus clientes. A fabricante alemã Nívea saiu na frente e colocará no mercado brasileiro, a partir do ano que vem, um creme antiidade indicado para mulheres com mais de 40 anos com ácido fólico e creatina, uma substância que fortalece as fibras musculares. “Com o envelhecimento, o processo de regeneração celular da pele, que dura em média 40 dias, torna-se mais lento”, explica Stefan Gallinat, pesquisador da área de pele da Nívea. “O ácido fólico e a creatina ajudam não só a acelerar esse processo como também a corrigir falhas no DNA, responsável pela produção celular”, completa.

As pesquisas da Nívea mostraram que 80% dos danos à pele têm causas externas, como stress, poluição, cigarro e bebidas. Segundo a empresa, quando a integridade do DNA é restaurada pelo ácido fólico, as células são renovadas de maneira mais eficiente e o estrago causado à pele é reduzido. Como o ácido fólico não é acumulado pelo organismo nem tem efeitos colaterais, a Nívea diz ter usado o princípio ativo em proporções que causam os efeitos prometidos em quatro semanas. É esperar para ver.