19/07/2006 - 10:00
A pergunta veio da viúva, grávida, de mais um agente penitenciário morto pelo PCC em São Paulo, na semana passada. Mas poderia ter sido lançada por qualquer brasileiro entre os milhões de indignados com a onda de ataques que voltou a tomar São Paulo, como já tomou o Rio, e que já converteu outras capitais, entre as mais notórias Recife e Vitória, em campeãs continentais do crime. O problema alastrou-se com força e profissionalismo no País. Cercou cidadãos e tirou deles direitos básicos, como o de ir-e-vir. Há muito que, para a sociedade, o combate à violência virou questão prioritária. Qualquer enquete ou pesquisa coloca o assunto no topo das preocupações por esse Brasil afora – acima até do desemprego. Mas candidatos e autoridades em geral tratam o tema como mero instrumento de disputa política, ficam no jogo de empurra-empurra e fazem, no máximo, populismo eleitoreiro com propostas vazias. A questão para essa turma é: quem vai sair ganhando ou perdendo com mais uma série de atentados? Soluções, operações eficazes e liderança não estão em discussão. Mais uma vez, os governos federal e estadual foram alertados com antecedência. Sabiam o que ia acontecer. E mesmo depois de mais de 100 ocorrências não tinham uma resposta à altura para conter a volta do terror. Oportunistas perdiam-se em acusações graves de elos partidários com as facções. O presidente Lula lavava as mãos, alegando que as decisões estão na jurisdição do governador. A locomotiva econômica paulista que puxa todo o País estava mais uma vez dominada. Hoje o que se vê são criminosos no comando e a polícia desnorteada. Entre eles, uma população que virou alvo, refém do medo. E para ela, de fato, vale repetir a pergunta ainda sem resposta: “Quantos mais o governo vai esperar morrer?”