15/06/2005 - 10:00
Coração de atleta deveria ser uma máquina perfeita. Pelo menos, era nisso que se acreditava. Mas casos de males cardiovasculares entre os esportistas chamam cada vez mais atenção. Inclusive no vôlei. Portador de uma anomalia cardíaca rara em pessoas jovens, o jogador da seleção brasileira Roberto Minuzzi, 23 anos, bicampeão da Liga Mundial, foi submetido na sexta-feira 3 a uma cirurgia para fortalecer o órgão. O atleta teve um aneurisma (dilatação) da aorta, a maior artéria do corpo.
Minuzzi sofre de um problema que fragiliza as paredes da artéria. Essa condição é causada porque as fibras musculares dessa estrutura são anormais. Por isso, elas tendem a se “alargar”. Sob efeito da pressão sangüínea, a artéria se dilata ainda mais rapidamente. “Havia risco de ruptura. A aorta de uma pessoa nessa idade mede até três centímetros de diâmetro. A do Roberto já estava com 5,9 cm”, conta o cirurgião cardiovascular José Pedro da Silva, do Hospital da Beneficência Portuguesa (SP), responsável pela intervenção que corrigiu o aneurisma, descoberto durante exames de rotina.
Os médicos substituíram a parte lesada por um tubo de material sintético. A prótese também serviu para reforçar outra região fragilizada, a válvula aórtica (ela impede que o sangue bombeado para o corpo retorne ao coração). “Foi um reforço preventivo. Ela apresentava leve dilatação”, explica José Pedro.
As causas da anomalia são desconhecidas. Em geral, ela está associada a mutações genéticas ou são provocadas por doenças inflamatórias. Quanto
às perspectivas de o atleta voltar às quadras, José Pedro é otimista. “Pelos
exames feitos após a cirurgia, é possível afirmar que ele voltará a jogar. Mas
ainda é precoce falar em datas”, emenda. Minuzzi apresenta boa recuperação
após o procedimento. “Estou bem e já comecei a fazer caminhada leve no
hospital. Agora é esperar até poder voltar à ativa”, avisa o atleta. O ânimo é
sinal de que a virada de jogo já começou.