Geração de emprego, renda e inclusão social são os objetivos do Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat), parceria que reúne a sociedade civil, o governo e a Igreja Católica no resgate da cidadania dos desempregados da periferia de São Paulo. A cidade mais rica do País, responsável por 10,4% do BIP nacional, conta hoje com cerca de 1,7 milhão de desempregados. Essa rede de amparo ao trabalhador cadastra desempregados, busca vagas nas empresas, oferece cursos de requalificação profissional, empreendorismo, acolhimento de toda ordem, ajuda espiritual e psicológica. Esse é o principal projeto social do cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes.

Criada em abril de 2003 na zona leste da capital paulista, a ONG é mantida com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador e o seu custo anual gira em torno de R$ 3 milhões. A ONG tem seis postos de atendimento – um deles dentro da favela Heliópolis, a maior de São Paulo – e atende ao todo cerca de 1.200 mil pessoas por dia. Nos últimos dois anos, o Ceat empregou mais de 15 mil pessoas. “Essa é a maneira de a arquidiocese contribuir com o resgate da cidadania e da inclusão social dos que foram excluídos do emprego”, afirma padre Lício de Araújo Vale, diretor administrativo-financeiro do Ceat.

Entre os 28 mil trabalhadores cadastrados no ano passado, 9.047 conseguiram emprego com carteira assinada e entre eles dez moradores de rua. Para ter uma idéia, nos três primeiros meses deste ano, 42,2 mil atendimentos já foram realizados; dez mil vagas foram captadas no mercado, oito mil trabalhadores foram cadatrasdos e 3,7 mil deles efetivamente conseguiram emprego. E a procura não pára. “Estou precisando de emprego para ontem”, diz Zilda Godini, 44 anos. E acrescenta: “Somos dois desempregados lá em casa: eu e o meu marido.” Amanda Cordeiro, 17 anos, terminou o colegial e como milhões de jovens busca no Ceat o seu primeiro emprego. Por razão alheia à sua vontade, Tiago Batista, 23 anos, preferiu ficar sem o emprego tempos atrás. “Eu era zelador e o síndico gay. Um dia, ele veio com graça para o meu lado e me chamou de flor. Pedi as contas na hora”, lembra. “É a primeira vez que venho aqui e já estou saindo com uma carta para fazer uma entrevista em uma outra empresa.”

Os números do Ceat em 2004
• Atendimentos realizados: 154.269
• Trabalhadores cadastrados: 28.080
• Vagas captadas nas empresas: 23.832
• Colocados no mercado de trabalho: 9.047