12/12/2007 - 10:00
O CÉU É O LIMITE Todos os dias, às 18h, um guindaste iça a estrutura para o teto do Palais de Tokyo
Todos os dias, às 18h, uma estrutura retrofuturista é içada por um guindaste para ser colocada no telhado do Palais de Tokyo, um museu dedicado à arte contemporânea, em Paris, na França. À primeira vista, parece coisa de maluco. Mas é obra de artista mesmo. Trata-se do exclusivo Hotel Everland, de apenas um quarto e capacidade para duas pessoas. Elas sobem junto com a estrutura, que durante o dia fica exposta dentro do museu. Criada pela dupla Sabrina Lang e Daniel Baumann, é uma instalação artística cujo propósito é debater a relação entre espaço público e privado – inclusive, é esse o tema da 7ª Bienal Internacional de Arquitetura, que acontece em São Paulo. À noite, a estrutura vira hotel de verdade, onde os hóspedes jantam, ouvem música e dormem. O maior atrativo é a experiência de estar nas alturas, em um local inusitado, com uma vista privilegiada de nada menos do que a Torre Eiffel. Pela manhã, é servido café da manhã no quarto. O serviço é resultado de parceria com o luxuoso Sezz Hotel, de Paris.
Sabrina, 36 anos, nasceu em Berna, na Suíça e Baumann, 41, é americano. O casal trabalha junto desde 1990 com o codinome L/B. Famosos por suas intervenções urbanas – arte contemporânea instalada fora dos museus —, eles criaram o Everland para a Swiss National Exhibition (Exibição Nacional Suíça), a Expo.02, um evento voltado para manifestações de arte contemporânea. Nessa época, o hotel ficou instalado à beira do lago Neuchâtel, em Yverdon, na Suíça, e depois foi transferido para o Museu de Arte Contemporânea de Leipzig, na Alemanha. Com diárias de 333 euros (R$ 895) de segunda a quinta-feira e de 444 euros (R$ 1.194) nos fins de semana, a instalação já recebeu 600 casais como hóspedes. O Hotel Everland chegou a Paris no fim de outubro e permanecerá no Palais de Tokyo até o final de 2008.
A procura é tanta que só é possível fazer reserva para março de 2008 em diante. A dupla foi aconselhada a fazer outros Everland, mas nem cogitou a hipótese. “O sucesso está na exclusividade, exatamente em ser diferente das cadeias de hotel como Holiday Inn e Marriott. Para nós, artistas, não faz sentido tornar isso um negócio”, dizem. O casal conta que, no início do projeto, não acreditava que conseguiria viajar com o quarto de hotel. “Ele é muito pesado para uma obra de arte e achávamos que seria inviável transferi-lo de um país a outro por causa do custo”, contam. “Mas isso se provou possível.” O próximo destino não está definido, mas eles gostariam de levá-lo para as cataratas do Niágara, no Canadá.