11/02/2009 - 10:00
Novelas da Rede Globo são pródigas em lançar moda. Roupas, gírias e até destinos turísticos conquistam adeptos pela exposição privilegiada. Afinal, estão na telinha em horário nobre. Caminho das Índias, há menos de um mês no ar, é um manancial de modismos pelo exotismo, tanto da indumentária dos personagens quanto por mostrar um país muito diferente do Brasil. De olho neste filão, o mercado começa a se mexer.
A CVC, maior operadora do País, oferecerá, a partir de março, dois roteiros para a Índia. “A viagem foi pensada para quem assiste à novela e quer conhecer as cidades de Délhi, Agra e Jaipur, onde ela é gravada”, diz Paulo Silveira, diretor de roteiros asiáticos. A Rhaido leva turistas à Índia há 18 anos e acaba de lançar um pacote com o nome da novela. Quer atrair quem nunca havia pensado em pisar na terra de Gandhi. A empresa pretende fechar a temporada indiana com 700 passageiros brasileiros.
Na moda, a onda indiana tem tudo para pegar. Em comércios populares, como a rua 25 de Março, em São Paulo, e o Saara, no Rio de Janeiro, encontran-se desde os tradicionais saris (veste feminina compos- Claudia Jordão N ta por saia, blusa e um pano amarrado ao corpo) e bindis (adesivo colado na testa) até batas, lenços e almofadas. “Estamos totalmente focados na Índia”, diz o gerente Ernani Fernandes, da 4 Estações, de São Paulo. Segundo ele, produtos indianos já representam 30% de suas vendas no varejo e 50% no atacado.
A grande aposta é o brinco usado pela protagonista – em lojas, há cartazes onde se lê: “Temos o brinco da Juliana Paes.” Trata-se de uma correntinha que é presa no lóbulo e dá volta na orelha. A produção da novela quer que a peça vire sensação, como o anel-pulseira usado por Jade, vivida por Giovanna Antonelli, em O Clone (2001), que se passava no Marrocos e cuja autora também era Glória Perez.
O artesão carioca Miguel Simek, que morou na Índia, viu a procura por seus brincos étnicos quadruplicar. Antes da estreia da novela, em 15 dias, ele vendia cerca de 20 pares. Nas primeiras duas semanas da trama no ar, 80 brincos desapareceram das prateleiras. Simek é amigo de Emilia Duncan, figurinista da novela, e disponibilizou mais de 100 peças para a produção. Ele viu a chance de se projetar em agosto de 2008, quando foi procurado por Emilia. “Separei as peças, fotografei, lancei site, contratei uma assessoria, foi uma jogada de marketing”, diz. A Vivara também não quer perder a oportunidade. Em março, chega às lojas a coleção Taj Mahal, com a própria Juliana Paes de garota-propaganda.
Mas não é todo produto que deve ganhar as ruas. Os saris soam exóticos para os ocidentais, embora as vendas tenham crescido. “Antes da novela saía um ou dois por mês. Agora, em 15 dias, saíram quatro, para serem usados como fantasia ou decoração”, diz Adriano Neves, vendedor de uma loja de produtos indianos em São Paulo. A figurinista da Rede Globo acredita que as brasileiras devem adotar as batas, saias e túnicas coloridas. “São modelagens leves e alegres que podem ser usadas com jeans”, diz Emilia.