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Sobrecarga Serra acredita que taxas diminuirão a poluição

Nos últimos seis anos, o governador paulista, José Serra (PSDB), tem sido um incansável crítico dos tributos federais. Quando se elegeu prefeito de São Paulo, em 2004, o tucano bateu forte na petista Marta Suplicy, em razão das taxas cobradas durante sua gestão, principalmente sobre a coleta de lixo. É desse período o apelido de “Martaxa”, também usado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), pupilo de Serra, durante a última campanha municipal. Na quarta-feira 4, porém, Serra encaminhou à Assembleia Legislativa projeto de lei que estabelece a Política Estadual de Mudanças Climáticas. A proposta mostra que em casa de ferreiro o espeto é de pau e provocou a primeira discordância pública entre Serra e Kassab.

No pacote de medidas, Serra, que já implantou pedágio no rodoanael e criou novos pedágios na rodovia Castelo Branco, prevê a instalação de pedágios urbanos entre as cidades das regiões metropolitanas de São Paulo. Logo depois de o projeto chegar às mãos dos deputados, o prefeito Kassab reclamou. Disse, por intermédio da assessoria, que é contra qualquer projeto que coloque pedágios na cidade e que fará o que for preciso para que, caso o projeto seja aprovado pelos deputados, acabe naufragando na Câmara Municipal.

Leonardo Attuch
GP Brasil 2010

Tucanos e petistas são tipos presunçosos. Agem como se fossem os únicos cavaleiros da esperança da política nacional e, quando lidam com o PMDB, o maior partido do País, enxergam apenas um cavalo pronto para ser montado em troca de algum capim. No livro A arte da política, o ex-presidente Fernando Henrique resumiu essa visão ao dizer que a única incógnita no embate político brasileiro é saber quem – se PSDB ou PT – deveria conduzir o atraso.

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Na semana passada, quando os peemedebistas conquistaram a presidência das duas Casas do Congresso, com Michel Temer na Câmara e José Sarney no Senado, as primeiras análises políticas estiveram subordinadas a esse viés. Temer poderia pender para José Serra, cada vez mais certo como o candidato do PSDB, e Sarney seria um aliado no projeto de eleger Dilma Rousseff, pelo PT. Ocorre que a alternativa mais inteligente para o PMDB no Grande Prêmio Brasil 2010, com o cacife que tem, é liderar o processo sucessório – e não ser cavalgado. Se falta um nome viável nos quadros do próprio partido, o jóquei pode vir de fora. Exatamente como aconteceu na disputa municipal do Rio de Janeiro, no ano passado. Eduardo Paes migrou do PSDB para o PMDB e venceu o páreo com apoio do presidente Lula. No GP nacional, o nome óbvio para seguir esse mesmo roteiro é o do governador de Minas Gerais, Aécio Neves.

Os que se opõem a essa costura alegam que o PMDB não é confiável. Seria um alazão indomável. Como exemplo, citam o fato de o partido ter traído seus pré-candidatos em 1998 e 2006, que eram Itamar Franco e Anthony Garotinho. Só que nas duas ocasiões o PMDB também estava no governo, mas os favoritos eram presidentes que concorriam à reeleição. Agora, é diferente. O partido, com sua ampla base parlamentar, é a âncora da governabilidade e não tem nada a perder com uma candidatura própria – especialmente se ela não for hostil ao Palácio do Planalto. Como Aécio tem sinalizado que governaria com o PT, e não contra o PT, ele tem tudo para conseguir o apoio de Lula em 2010. Esse projeto, aliás, tem até nome – “Lulécio” – e vem sendo trabalhado há um bom tempo por figuras de proa da política nacional. Por fim, teria efeito simbólico, fechando um ciclo desde a frustração com a morte de Tancredo Neves até a possível eleição de seu neto. O que falta é Aécio se decidir, pois a sabedoria mineira ensina que um cavalo arreado não costuma passar muitas vezes diante da mesma pessoa.