A nova onda roqueira que lançou uma legião de bandas com nomes invariavelmente iniciados pelo pomposo “The” – The Strokes, The Vines, The Hives, etc. – tem na dupla The White Stripes o grupo mais excêntrico. Numa brincadeira com a bandeira dos Estados Unidos, a dupla de Detroit, formada por Jack e Meg White (eles fazem suspense sobre serem irmãos ou ex-marido-e-mulher), se nomeou “listras brancas”. Mas só posa para a capa dos CDs diante de fundos vermelhos, lembrando mais o concretismo russo que as cores americanas. Sua formação é também esdrúxula – Jack toca guitarra e Meg bateria. A mais recente extravagância da banda acontece a partir da quarta-feira 1º, quando Jack e Meg iniciam sua miniturnê pelo País para lançar o quinto trabalho – Get behind me Satan. O local escolhido foi o Teatro Amazonas, em Manaus. Na sexta-feira 3 (Claro Hall, Rio de Janeiro) e no sábado 4 (Credicard Hall, São Paulo), os dois mostram a cariocas e paulistas o que esconderam a sete chaves no novo trabalho, com lançamento mundial três dias depois.

Se existia a suspeita de que o White Stripes era apenas mais um truque, o novo trabalho está aí para desmentir. Pouco coisa mudou da idéia minimalista inicial. Mas agora, com o auxílio de piano e marimbas, a banda soa mais musical, menos anêmica. As referências ao country e ao blues foram também aprofundadas. E Jack está cantando como poucos – ou muitas lendas do rock: Prince (Blue orchid), Robert Plant (My doorbell), Mick Jagger (Forever for her), Jimi Hendrix (Instinct blues). Em As ugly as I seen, ele evoca algum soul man não identificado – afinal, foi em Detroit que surgiu o selo Motown… Com todas essas credenciais, já se pode dizer, como na moda, que as listras brancas vieram para ficar.