Quem não gostaria de ter a capa do pai do Super-Homem? Pense bem: Jor-El, progenitor do mais poderoso dos mocinhos dos quadrinhos. O artigo era a última moda no planeta Kripton – última mesmo, pois o lugar explodiu enquanto o dono da indumentária ainda a envergava. É uma bagatela: espera-se que o preço final atinja entre US$ 4 mil e US$ 6 mil. Trata-se de um negócio do outro mundo, que a partir de 30 de junho será possível de ser concretizado. Esta peça de vestimenta – feita em veludo negro – e outros 249 artigos vão estar na praça. Um leilão da famosa casa Christie’s, de Nova York, vai martelar o lote. Tudo virá com certificado de autenticidade da venda pública de objetos de propriedade pessoal de outro herói das telas: o ator Marlon Brando.

A capa preta foi usada por Brando no filme Superman – o filme, quando ganhou US$ 10 milhões para trabalhar exatos oito minutos. Tem valor, portanto, a peça – que, cá entre nós, é um tanto cafona. Para os que preferem esquecer esta passagem na fabulosa carreira do maior ator de todos os tempos, outros itens podem ser de
grande interesse. Por exemplo: o roteiro, todo anotado por Brando, do filme O poderoso chefão – parte 1. Lá está grafado o código genético de Don Corleone, aquele pináculo dos gângsteres. Explica de que modo o ator
criou a personagem, suas idéias – como a de colocar algodões nas bochechas para ajudar a compor a voz do mafioso. Relativo a este filme – Oscar de 1972 – também existe uma carta – de próprio punho – do autor da
história, o escritor Mario Puzo, endereçada a Brando. Lê-se claramente: “Eu acho que você é o único ator capaz de interpretar o Godfather.” A Christie’s estima valores entre US$ 800 e US$ 1.200 para a carta e entre US$ 6 mil e
US$ 8 mil para o script.

Helen Bailey, chefe do setor de artes populares da Christie’s, espera que as 250 peças produzam cerca de US$ 1 milhão em vendas. O lote tem desde o cartão American Express do ator (daqueles verdinhos, sem o status de ouro ou platina), passando por mobiliário, cerâmicas, esculturas, quadros e desenhos (alguns do próprio Brando), até itens mais relativos à profissão, como a tal capa do pai do Super-Homem. “Brando era um colecionador meticuloso de suvenires relativos à sua carreira e aos interesses que manteve em vida. Está tudo preservado e fazia parte dos objetos pessoais que ele mantinha na casa em Los Angeles, até sua morte no ano passado”, diz Helen.

Record – Os leilões de lotes da área de entretenimento costumam ser hiperlucrativos para a Christie’s. A venda dos objetos pessoais da atriz Marilyn Monroe, em 1999, faturou mais de US$ 1 milhão e é a recordista de arrecadação. Mas considere-se: nesta coleção existem peças que podem superar em muito o valor estimado. Por exemplo: quanto se pagará pelas luvas de boxe usadas por Brando nos treinos e no filme Sindicato de ladrões, de 1954, que lhe deu seu primeiro Oscar? (estima-se entre US$ 6 mil e US$ 8 mil). O prêmio da Academia colabora com vários momentos, sendo que o mais valioso é o certificado de nomeação ao prêmio de melhor ator de 1954, pelo trabalho no mesmo Sindicato de ladrões (US$ 7 mil a US$ 9 mil, segundo estimativas). Já demonstraram interesse na compra os atores Robert De Niro e Leonardo DiCaprio, dois influenciados por Brando. Mas, infelizmente, não consta das peças a serem leiloadas a genialidade do talento de Brando.