Já chamado de governo de coalizão, por conta das alianças que tem de fazer
para garantir a governabilidade, o governo Lula, por suas marchas e
contramarchas mais recentes, está sendo apelidado de governo de colisão. Se
antes apanhava pelas composições políticas que arquitetava, agora apanha pelo desastrado resultado dessas engenhocas. Se antes se defendia com o argumento pragmático de que tudo vale pela governabilidade, hoje as respostas convincentes têm se tornado mais raras.

Entre as mais recentes trapalhadas está a construção atabalhoada de uma CPI, que começa com o recente caso das denúncias nos Correios e promete, feito um foguete sem cauda aceso na sala de visitas, atingir tudo o que estiver por perto e fazer estragos sem distinção. Há desde quem fale em colocar na mira estatais como a Eletrobrás até quem ameace com a história das privatizações do governo tucano. E a tal CPI está se materializando com os votos preciosos da famosa base aliada e dos amigos do PT. Ou seja, muy aliados e muy amigos.

Como naquelas corridas de demolição de carros, conhecidas nos Estados Unidos como demolition derby, não faltaram manobras desastradas nessas últimas semanas. A marcha do MST chegou finalmente a Brasília, entrou em confronto com a polícia e conseguiu a promessa de assentar mais 115 mil famílias. Conseguiu também a mudança dos índices de produtividade que definem se uma propriedade é ou não disponível para fins de reforma agrária. Tudo muito bom. Pena que não avisaram o ministro da Agricultura. Roberto Rodrigues veio a publico e declarou desconhecer qualquer acordo do tipo. Também o Copom caprichou, engatou mais uma marcha à ré, mirou no pessoal da arquibancada e, acreditem, aumentou ainda mais os juros. E, para completar, o presidente vai ao Japão. É muita confusão, nenhuma articulação e muita colisão.