Espalhadas pelo País, as baladas que cultuam as canções pop dos anos 80 não saíram de moda. Mas em São Paulo e no Rio de Janeiro a volta no tempo foi ainda mais radical, para as décadas de 40 e 50, restaurando o antigo hábito de bailar a dois. Em São Paulo, a Banda Glória é liderada por Frederico Mazzucchelli, professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp) e ex-secretário de Economia e Planejamento do governo do Estado de São Paulo. A banda reúne uma média de 700 pessoas em seus dois shows mensais tocando antigos sambas em versões mais dançantes. “A música brasileira é inesgotável e excelente, basta ver compositores como Noel Rosa, Chico Buarque e Ismael Silva. Temos umas 300 músicas para tocar e os nossos arranjos atraem gente de todas as idades”, diz Mazzucchelli. Uma olhada para a pista de dança confirma. Jovens como a estudante Paula Szutan, 22 anos, dançam com veteranos como o professor de música Emerson Pinzindin, 40. “Essa mistura de idades é muito interessante. Está um clima ótimo de anos 50. Gosto muito de ouvir e de dançar sambas antigos”, afirma Paula.

São 17 músicos embalando o baile com seus violões, metais, percussão, flauta, guitarra e vozes. “Metade das músicas que tocamos são das décadas de 30 e 40”, assegura Mazzucchelli. Mas, no final dos shows, há espaço para Beatles e James Brown. No Rio, quem procura música brasileira e antiga deve ir ao tradicional reduto sambista da Lapa. Lá a turma visita o Rio Scenarium, um centro cultural que abriga peças de teatro, vende antigüidades e apresenta dois shows diários de terça-feira a sábado. “Recebemos até 120 músicos por mês”, afirma Plínio Fróes, 49 anos, um dos sócios da casa. Para os saudosos do bom e velho rock’n’roll, o The Clock, em São Paulo, tem decoração temática e aulas de dança para acompanhar o som dos lendários Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Chuck Berry, os dois últimos ainda na ativa. O empresário Antonio Tizzocaro, 53 anos, explica sua paixão pelos tempos da brilhantina: “Só ouço rock, principalmente dos anos 50 e 60. Fiz aula de dança e é ótimo. Vamos descobrindo novos passos e evoluindo.” Como diria a velha canção dos Rolling Stones, “It’s only rock’n’roll but I like it”.