25/05/2005 - 10:00
A frase ao lado é da paulista Deborah Mattos, 17 anos, estudante de cursinho pré-vestibular, mas poderia ser dita por qualquer jovem prestes a deixar o ensino médio e a iniciar um curso superior. O que seria apenas mais uma etapa da vida estudantil, no entanto, torna-se um martírio. O desafio de passar no vestibular, se por um lado é importante para o jovem ganhar responsabilidade, o deixa estressado. A angústia de escolher o curso superior começa no início do ensino médio. E, na hora de decidir, além das opiniões dos pais, o que mais pesa é o quanto certas carreiras podem ser promissoras do ponto de vista financeiro. “Tem que ser alguma coisa que eu goste, mas o que mais pesa é o mercado de trabalho, não quero passar fome”, atesta Renato Miygawa, 17 anos, que está no terceiro ano do ensino médio e ainda não decidiu entre comércio exterior, para trabalhar na empresa do pai, ou moda.
A psicóloga Ana Maria Rossi, especialista em stress e biofeedback, diz que a angústia da escolha é natural. “É uma responsabilidade para jovens e imaturos, que se sentem pressionados a tomar uma decisão tão séria”, diz ela. A interferência dos pais pode ser desastrosa para os adolescentes. “Alguns refletem nos filhos o que eles gostariam de ter feito. Apoiar e sugerir, sim; interferir ou impor, não. O ideal é fazê-los pesar os prós e os contras de cada profissão. Também não é bom compará-los com irmãos, primos e amigos”, aconselha Ana Maria.
A idéia geral de pedagogos e estudiosos é que o mais importante é que os jovens conheçam bem cada carreira. Mas só isso não basta. Algumas escolas particulares, como o Santo Américo e o Pueri Domus, em São Paulo, incluíram na grade curricular do ensino médio aulas de “orientação vocacional”. Em vez de apenas se submeter a testes psicológicos, muitas vezes superficiais, os alunos passam por verdadeiras sessões de terapia. Logo no primeiro ano, no Santo Américo, são ministradas aulas semanais de filosofia, em que os estudantes analisam as escolhas que já fizeram na vida. No segundo, eles passam por uma série de testes vocacionais e no último, visitam empresas e se preparam psicologicamente para a difícil transição.