O governo federal passou os últimos dias exigindo que a ONU retirasse o nome do Brasil de seu relatório sobre tortura. Teve de recuar no momento em que estourou a notícia referente a uma garota de 15 anos, trancafiada pela polícia da cidade paraense de Abaetetuba numa cela (foto) com 20 outros presos – ela, a única mulher. A Constituição exige que homens e mulheres sejam presos em dependências distintas, mas a polícia de Abaetetuba despreza a lei e atirou a menor de idade aos leões – ratificando o relatório da ONU. É a própria governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (foto), quem diz que esse fato pode não ser um caso isolado. É ela também quem levanta a suspeita de que a moça, acusada de furto, foi colocada na cela para satisfazer sexualmente os presos – ao longo de 20 dias, ela foi violada sexualmente para, em troca, receber comida. Na sexta-feira 23 ficou demonstrado que a governadora tem razão: mais três casos de mulheres presas com homens vieram a público no Pará – em um deles, uma moça era obrigada a fazer massagem no delegado.