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CONTEÚDO O Kindle traz
as edições mais recentes
de jornais como NY Times

Jeff Bezos, o fundador da livraria online Amazon, não quer ser comparado a Steve Jobs, o dono da Apple. No entanto, ele tem em mãos um bem que julga tão precioso quanto o iPod, o aparelho da Apple que é sinônimo de tocador de música digital. Na semana passada, Bezos lançou um equipamento capaz de se transformar em biblioteca portátil. O Kindle custa US$ 399, tem espessura pouco maior do que a de um lápis e mede 19,05 cm de altura por 13,4 de largura. Como um livro. Mas com a diferença de permitir a leitura de 200 títulos, ou até mais, caso seja acrescido de cartão de memória. Já se diz que o Kindle é uma espécie de iPod dos livros. Por meio do dispositivo, o usuário monta uma “estante” com as opções vendidas exclusivamente na Amazon – são 90 mil, a US$ 9,99 cada uma. Há ainda assinaturas de blogs e publicações do porte do The New York Times.

Para Bezos, o Kindle representa uma revolução na leitura. Seu display funciona como um papel eletrônico de alta resolução, igual a uma página impressa, porém com muito mais recursos. Para compreender uma palavra ou um fato histórico citado na obra, podem-se buscar informações online pelo aparelho. Ele também faz a localização imediata de um trecho: basta digitálo pelo teclado do equipamento. A página do Kindle tem seis tamanhos de letras e é legível sob o sol. MeMelhor, portanto, do que a tela de um laptop. Além disso, o equipamento, que tem bateria de 30 horas, é wireless. “Se estiver na cama ou no trem, você pode obter um livro em 60 segundos. Nenhum computador é necessário. Você faz a compra direto do aparelho”, diz Bezos. A tecnologia do Kindle difere da dos demais leitores de e-books porque emprega uma rede de banda larga utilizada em celulares de última geração nos EUA. Seu sistema pode ser acionado em qualquer lugar. Porém isso limita seu uso ao mercado americano.

A conectividade do Kindle, bancada somente pela Amazon, abre as portas para um novo mundo. No futuro, quando houver outros modelos do gênero, um escritor lançará trabalhos com muito mais rapidez se escolher a via digital. Há quem não suporte a idéia. John Updike, dois prêmios Pulitzer, declarou que será um “eremita rude” recusando-se a sair da caverna para encarar as vilas eletrônicas. É inegável que um livro de verdade evoca prazeres que, por enquanto, o e-book não consegue repetir. Emprestar ou presentear a obra preferida a um amigo, por exemplo. O Kindle impede o compartilhamento do arquivo. Mas permite que o usuário faça anotações “à beira da página”, imitando a mania de muitas pessoas que rabiscam pensamentos no livro. Tem a mesma graça? É uma boa discussão.

MARK LENNIHAN/AP"VOCÊ PODE OBTER UM LIVRO EM 60 SEGUNDOS. NENHUM COMPUTADOR É NECESSÁRIO" Jeff Bezos