06/06/2007 - 10:00
Quando for dada a largada da temporada de verão 2007/2008, no domingo 3, com o primeiro dos 37 desfiles do Fashion Rio, terá início também um grande bazar. Além de palco para top models e de vitrine de tendências, as semanas de moda consolidaram-se como balcões de negócios com expectativa de vendas em torno de R$ 2 bilhões. Até o dia 9, compradores nacionais e internacionais vão se concentrar no Fashion Business, na Marina da Glória, no Rio. Entre os dias 13 e 19 de junho, as atenções se voltam para a FW House, no Prédio da Bienal em São Paulo, onde acontecerão também os 49 desfiles da semana de moda paulista. São nestes dois espaços que a moda brasileira revela-se como próspero segmento, que se alimenta da renovação permanente das tendências, gerando lucros e empregos. "Hoje, o setor já é o segundo maior empregador do País", diz Paulo Borges, diretor da São Paulo Fashion Week. Moda também é sinônimo de divisas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, o País exportou US$ 2,08 bilhões em 2006.
É justamente quando lança suas novidades para o verão que o Brasil entra com força nesse mercado fashion global. Biquínis, maiôs, sungas e shorts representam 46,6% das exportações de vestuário do Rio de Janeiro, alcançando um volume de US$ 4,42 milhões em negócios. O Fashion Rio tornou- se uma importante alavanca na economia carioca, que responde por 10,35% das exportações nacionais do segmento. Uma das responsáveis pela profissionalização deste setor de moda no Rio é Eloysa Simão, da Dupla Assessoria, idealizadora do Fashion Rio. "Conseguimos unir a passarela com vendas", diz ela. Desde que foi criado em 2003, o Fashion Business gerou US$ 70 milhões, segundo João Paulo Alcântara Gomes, do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro.
BAZAR Eloysa Simão, idealizadora do Fashion Business: "Conseguimos unir passarela com vendas"
Os números da FW House são ainda mais expressivos. A expectativa dos organizadores é de que o volume de vendas cresça em até 15%, superando o R$ 1,3 bilhão da edição de janeiro de 2007. "Ainda temos uma performance tímida", afirma Borges, que salienta a necessidade de mais investimentos para que a indústria da moda seja realmente competitiva. "É preciso crescer para dentro e para fora."
Mais da metade das vendas turbinadas pela semana de moda paulistana é feita para estrangeiros. É um negócio pulverizado. Um importador de Beirute, Nabil Houssami, da empresa libanesa Al Houssami & Co, fechou pedidos com seis marcas brasileiras no valor de US$ 40 mil na edição de janeiro da SPFW. "A diversidade é maior que em Paris e o preço, melhor. Voltarei para as compras do verão 2008", anunciou ele, que a cada edição amplia a caravana formada por comerciantes do Líbano, de Dubai e do Senegal.
O Japão é um outro mercado que descobriu a moda made in Brazil. De 2001 para cá, a moda fluminense viu o volume de vendas para o mercado japonês crescer em 421%. O maior consumidor de vestuário no Rio, no entanto, são os Estados Unidos, seguidos por Itália, referência mundial de sofisticação em roupa. Em seis anos, as exportações para os italianos cresceram 165%.
Os eventos de moda têm muito a ver com este incremento. E eles também têm crescido em ritmo acelerado. Há 15 anos Eloysa Simão criou a Semana Leslie de Moda, no Rio, que custava R$ 45 mil e envolvia 30 pessoas na realização. "Hoje, uma edição do Fashion Rio não sai por menos de R$ 6 milhões e contabiliza 3.500 profissionais", compara. O salto na SPFW pode ser medido pela presença de jornalistas estrangeiros. Nas primeiras edições, uma média de cinco profissionais de fora fazia cobertura. Hoje, são cerca de 600 jornalistas do mundo todo acompanhando o que os estilistas brasileiros estão criando a cada nova estação.