ISTOÉ teve acesso às degravações de cinco CDs com 3h34 de conversas gravadas pela jornalista Mônica Veloso. São diálogos dela com o senador Renan Calheiros e também com um outro homem identificado como Claúdio – aparentemente, Claúdio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. A pedido do advogado de Mônica, Pedro Calmon, os diálogos foram degravados pelo perito criminalista Aidano Faria e foram parar no processo que a jornalista moveu na 4ª Vara de Família de Brasília para cobrar pensão do senador. A seguir, trechos dos diálogos:

O COMUNICADO
Renan – Deixa eu te dizer duas coisas. Claro que eu tenho muita preocupação com você, exageradamente, mais com você do que comigo e também tenho, eu sou uma pessoa pública, já te falei sobre isso…. …. o que me deixa assim mais preocupado é a evolução dessas coisas.
Mônica – Que que são essas coisas, evolução do bebê, o seu filho, é isso, ou algo mais?
Renan – Não. Evolução disso. Sua barriga.
Mônica – É. É natural né? Não tem como esconder, é o que eu to escondendo. Eu tenho escondido o bebê e tenho escondido a mim mesma… …Eu não vou a lugar nenhum Renan, não vou… …eu não estou tendo cuidado nenhum. Mas eu tenho que me esconder porque eu não posso fazer as coisas, eu não posso contar que to grávida (inaudível) daqui a pouco vou fazer o quê? Vou ficar presa dentro de casa? Minha filha tem que saber, ela não sabe.
Renan – E as suas idéias?
Mônica – Eu não tenho idéias. Você me chamou para conversar, talvez você tenha alguma, eu não tenho. A única referência que eu tenho, Renan, é durante onze meses que nós tivemos um caso, um romance, sei lá o que, né? Mas, enfim, eu supunha que você gostasse muito de mim, eu apaixonadíssima e fiquei grávida, aconteceu, não era a minha intenção, nem meu objetivo porque era complicado na minha vida e quando eu te contei a gente sabe qual foi a reação então de lá para cá eu tenho tentado sobreviver. Só isso. Quem não tem. Eu tenho problemas práticos que eu vou ter que resolver. Não é isso?
Renan – O que eu te falei é que temos dificuldades de ordem prática também.

A PROPOSTA
Renan – O que nós vamos fazer. O que você vai fazer?
Mônica – Bom, que que eu vou fazer? Eu vou ter o bebê que vai nascer no final de julho, daqui a pouco já sei se é menino ou menina, já sei que é uma criança perfeita, já fiz um monte de exames e eu não sei o que que eu vou fazer da minha vida. A produtora (quando deixou a Rede Globo, Mônica montou uma produtora independente) tá com um milhão de problemas que você já sabe, são problemas que não aconteceram hoje, nem por causa que eu tô grávida. São problemas que já estão somando há muito tempo. O ano passado foi um ano muito ruim para a gente e, enfim, as perspectivas que eu tinha para esse ano eu não vou poder fazer, não posso fazer campanhas porque eu vou estar barriguda… …Eu vou ter que ver como é que vou organizar a minha vida daqui para a frente, sabe? Eu tenho uma filha que tem pai e que o pai, apesar dos problemas é presente e que é responsável por ela. Agora como é que vai ser com você eu não sei, né? Você precisa dizer, né?

A NEGOCIAÇÃO
Renan – Eu tô muito preocupado em ver como é que sobretudo deixa você bem isso aqui.
Mônica – O que que é confortável para você? Você disse que é um homem público, as coisas todas que a gente já sabe. E que eu tenho certeza que depois que passou a sua raiva é… o seu suposto sentimento de traição e tal você deve talvez ter pensado que eu sou bastante decente para não te criar um problema. Não usar o fato de você, sabe, você é uma pessoa conhecida, para me beneficiar de nada. Eu acho que você deve ter pensado nisso.
Renan – Pelo pouco que eu te conheço…
Mônica – O que que é conveniente para você?
Renan – Não sei. Não é conveniente, eu acho que nós deveríamos fazer um pacto, deixando você bem nisso, mas protejendo você sobretudo. Principalmente isso. A mim não tem por quê. Nós não podemos não ter uma solução convencional. Isso não tem possibilidade. Não quero que você fique mal, desprotegida. Seria insanidade, estupidez (inaudível) ninguém, ninguém, muito menos a você. Acho que você me conhece bem. Acho que você me conhece um pouco suficientemente bem para saber disso. Vamos fazer uma coisa assim de ajudar a você fazer o que fosse possível dentro das possibilidades e limitações. Agora não podemos assumir isso (inaudível).
Mônica – Isso quer dizer que você não vai registrar o bebê?
Renan – Como é que eu vou registar inicialmente! Eu também não vou fugir da responsabilidade, mais adiante a gente via alguma coisa nesse sentido constatava.

A PRESSÃO
Renan – Eu vou partir.
Mônica – Tá bem. O que foi?
Renan – A cada dia eu tô. Não tá sobrando alternativas, é isso.
Mônica – Tá, deixa comigo (inaudível) não quero brigar e espero que você também faça a mesma coisa (inaudível).
Renan – eu não vou te expor.
Mônica – Por exemplo (inaudível) simplesmente diz acabou. Agora não precisa dizer que nunca me viu, que não sabe quem é, que eu sou maluca. Quando eu te falei que podia ficar muito pior, é porque como eu gosto muito de você, com muito carinho, com muito respeito e admiração etc. É, eu não tenho condição nenhuma de fazer qualquer maldade, de ser incorreta com você. Agora, você tem que ser correto comigo também, né? Não me expor, que é o que a gente conversou ontem, é uma questão de palavra. Eu não posso me desesperar a cada pessoa que fizer uma fofoca. Não dá, não dá. Não é não?… … Cadê, onde que tá? Quem viu? Eu preciso abrir a boca para esse filho existir Renan. Se eu não abro a boca, se ninguém me ver, não existe, onde está? Cadê?

AMEAÇAS
Mônica – Só posso te dizer que toda vez que você entrar no gabinete você vai lembrar que você tem um filho que você fez lá.
Renan – Você é louca!
Mônica – Eu não sou louca. Somos loucos, então. Se tem alguém que é louco somos nós dois. Deixa eu pensar, eu preciso pensar. É complicado para mim.
Renan – Deixa isso pra lá. Não, fala isso não. Então qual a idéia que eu tenho. Não consegui ter outra. Tirar você, proteger você, vê como é (inaudível) a sua sobrevivência.
Mônica – Eu quero te dar um prazo, Renan. Eu não quero prazo de (inaudível), eu acho isso injusto. Eu fazer todo o sacrifício. Eu não tô vendendo meu filho, eu não tô fazendo sacrifício pra ficar, sabe, de perna pra cima pra você me sustentar (inaudível). Então, assim, eu tô fazendo sacrifício, assim porque eu quero que meu filho tenha um pai. No caso, o pai é você. Se fosse uma outra pessoa o pai seria essa outra pessoa, que teria o nome lá. Eu não tô fazendo sacrifício pra poder ficar bem, pra poder ter uma vida mais tranqüila, como você me disse na primeira vez que a gente conversou. Segundo você: ah!, sua vida vai ficar melhor. Não, beleza. Eu continuo com a minha vida como tá, Renan.

A CHANTAGEM
Mônica – Deixa. Fofoca. Fofoca passa, passa rápido. É melhor uma fofoca rápida do que uma mulher barriguda circulando na cidade. Tá, muita gente nos viu juntos (inaudível). Você deve tá se lembrando deles. É muita gente. Você não tem idéia de quanto. Tudo bem, você pode negar. Você nega, nega, nega. Só. E as pessoas vão falar. Então, é melhor que elas falem um pouco agora e esqueçam do que a gente não entrar em acordo e eu fico rodando pela cidade, porque, porque eu vou ter que faturar grana, eu vou ter que fazer outras coisas e minha barriga vai crescendo (inaudível). Não existe um marido do lado, não tenho um namorado do lado para estar perguntando, pra dar sustentáculo, entendeu? Pensa nisso.

A CASA
Renan – E sobre a casa?
Mônica – Tem que esperar, né? Você disse que teria que esperar até segunda-feira para conversar comigo.
Renan – Eu ia viajar. Eu ia viajar hoje, acabei ficando por conta, pra resolver umas coisas.

CONVERSA DE MÔNICA COM CLÁUDIO
Mônica – Você me ligou ontem à noite, né?
Cláudio – Liguei, eu tava com ele.
Mônica – A postura do Renan mudou ou continua lá lá com a mesma postura de antes?
Cláudio – Eu acho Mônica na realidade e, eu acho que tá tudo havendo assim um… uma má interpretação, má interpretação porque o seguinte, um pacto inicial que foi aquele não é um pacto que prevalece nem que prevaleceu… …Porque eu não vou e não dá pra gente tratar dessas coisas por telefone.
Mônica – É, concordo, Cláudio, que não dá pra conversar por telefone. Agora, a gente na vida tem que ver os dois lados. Apesar da minha situação ser uma situação muito delicada, muito complicada, eu vou te falar um negócio: eu ainda consigo, graças a Deus, ter dicernimento que meu umbigo não é o único que tem no mundo. Eu vejo os umbigos saídos, tá? Meu umbigo não é só o meu. Então, por exemplo, a situação do Renan é complicada, é muito complicada, ele é casado, ele é um homem público, é um senador, tem os filhos e parará, enfim… Né, ele teve um romance, teve um caso, ele teve um affair, ele chame do que ele quiser. Isso para mim hoje em dia não faz muita diferença, não. Mas as coisas elas poderiam ter terminado tranqüilamente com vários momentos que eu disse que gostaria de terminar, ele jamais se manifestou em querer terminar, que a situação dele tava agradável, tava confortável, tava se divertindo, era uma válvula de escape; era um romance, era uma pitada de emoção numa vida que tem muito trabalho, certo?
Cláudio – Certo.
Mônica – As coisas muitas vezes poderiam ter ficado por isso mesmo, só que teve uma conseqüência, Cláudio, uma conseqüência que não era esperada por mim, não era desejada por mim porque, por mais que eu goste dele ou que eu tenha gostado dele, eu tenho discernimento de saber que um bebê num ia resolver a situação. Se ele tivesse que resolver a situação, de separar, de me assumir, de namorar, de qualquer coisa, não é com um bebê que as coisas iam se facilitar. Aconteceu não porque eu tinha tido essa opção, tenha tido essa vontade, sabe? Isso me magoou muito. Cláudio, eu estive na sua casa aqui nesse mesmo lugar no Blue Three quantas vezes, eu não sei, 20, 30, 40, quantas vezes. Eu encontrava com Renan toda semana. Ele não saiu comigo uma vez. Ele não saiu comigo numa festa, numa balada e aí a fulana ficou grávida, a fulana aparece grávida. Né, não? A gente na vida tudo tem as suas conseqüências.
Cláudio – Eu acho que o importante aí agora é ter (inaudível) a predisposição de todas as partes envolvidas, né, de como encontrar o melhor caminho, a melhor forma de atuação, de relação e tudo o mais e esquece que isso não vai dar em nada…
Mônica – Eu não preciso, Cláudio, vir a público contar quantas vezes dormimos juntos, quantas promessas ele me fez, quanto foi isso, quanto foi aquilo, ou foi aquilo outro. A única coisa que importa é o filho dele ou não é? É.

O AMIGO CLÁUDIO
Mônica –
Então, tem que ser de outra forma, sabe, Cláudio, eu sei que você não tem absolutamente nada com isso, o filho não é seu.
Cláudio – Ó! Deixa eu te falar um negócio: se eu puder ajudar, ótimo, se eu não puder, tô fora!
Mônica – Aliás, se eu fosse fosse não teria a menor paciência (inaudível) você não tem nada com isso, sabe? Entrou numa na maior ingenuidade possível e arrumou uma perturbação.
Cláudio – O negócio é que não é ter nada ou deixar de ter nada. Eu acho que a gente, a gente prum amigo sê faz tudo, entendeu?
Mônica – É, faz.
Cláudio – Uma coisa eu vou falar pra você: ele nunca deixou (inaudível) é de manifestar apoiamento (inaudível) e tal. Tem que construir esse negócio.
Mônica – E por que essa demora toda? Ele tava esperando que eu o procurasse?
Cláudio Mônica, eu acho que isso aí é o seguinte: às vezes não tem, é, enfim, é, a ficha cai mesmo.
Mônica – É.
Cláudio – É a ficha cai, entendeu, e não acreditar é esperar que vai. E outra coisa, você também sumiu, né?
Mônica – Cláudio, o que que eu ia fazer?…
Cláudio – Cada um sumiu prum lado.
Mônica – Eu aviso pro sujeito que eu estou grávida. Renan, eu estou esperando um filho seu. Ah, não é possível, é impossível e coisa lá. Aí, deu aquele chilique todo, né? E, enfim. E vira pra mim e diz tudo de bom, seja feliz, um abraço? Fique na minha, né, Cláudio, vou fazer o quê? Vou lá de pinico, baixar no Senado, pedir pelo amor de Deus pá conversar comigo? Não quer conversar comigo, que que eu posso fazer?
Cláudio – É.
Mônica – É ação e reação.