18/05/2005 - 10:00
A exploração do petróleo, maior riqueza do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, é também o principal responsável pela maior mazela dos dois Estados: a poluição dos rios e enseadas, que afeta 77% dos municípios fluminenses e 60% dos capixabas. A informação acaba de ser divulgada na maior pesquisa ambiental já realizada no Brasil pelo IBGE, que em 2002, coletou as informações junto a autoridades municipais em 5.560 cidades. A proporção de municípios mais afetados pela poluição hídrica é maior nas regiões Sul (45%) e Sudeste (43%), o que liga o problema ao desenvolvimento econômico. Além do Rio, o mais poluído, e do Espírito Santo, a degradação das águas afeta sobretudo Amapá (69%), Pernambuco (56%) e Santa Catarina (55%). Os Estados onde a água está mais bem preservada são Piauí (7%), Tocantins (12%), Acre (18%), Amazonas (19%) e Mato Grosso (25%).
Outra informação alarmante é a de que as queimadas e o desmatamento não se restringem às fronteiras agrícolas. As práticas são generalizadas na BR-163, que liga Cuiabá a Santarém, no norte do Mato Grosso e no oeste de Tocantins. As queimadas são apontadas como a principal causa de poluição do ar, embora 81% dos municípios que relataram a ocorrência de queimadas possuam um órgão público para cuidar exclusivamente do meio ambiente.
O esgoto a céu aberto foi a principal causa de mortalidade infantil apontada por 1.159 prefeituras com taxas acima de 40 óbitos por mil nascidos vivos – nada menos que 1.086 estão no Nordeste, 48 no Norte e 25 no Sudeste (todos em Minas Gerais). Em seguida vêm as doenças endêmicas e seus vetores. A escassez de água ocupa o quarto lugar nesse ranking perverso. A mortalidade infantil é relacionada à falta de saneamento básico. Dos municípios brasileiros, só 52,2% tinham redes de esgoto no Censo de 2000. Dos 10,4 milhões de domicílios brasileiros sem sistema de esgoto adequado, quase quatro milhões ficavam no Nordeste.