11/05/2005 - 10:00
O Banco Central fez os cálculos e concluiu, surpreso, que as contas do Banco Santos, em intervenção desde novembro de 2004, estão mergulhadas em um buraco negro. O rombo chega a R$ 2,2 bilhões, 22 vezes maior do que o identificado inicialmente. Diante da dimensão do número, o BC se convenceu de que não há espaço para uma solução negociada com os credores da instituição. Por isso, anunciou a liquidação do banco na quarta-feira 4 e, assim que a documentação exigida estiver pronta, entrará na Justiça com pedido de falência da instituição. Já se sabe que os bens do controlador, o empresário Edemar Cid Ferreira, bloqueados desde a intervenção, nem de longe cobrirão o prejuízo.
A liquidação era cogitada desde fevereiro, quando o interventor do Santos,
Vânio Aguiar, entregou à diretoria do BC um relatório expondo a precária
situação da instituição. O BC aguardou mais três meses para que credores e controladores chegassem a um acordo que permitisse a reabertura, mas não houve consenso. Por causa do tamanho do vermelho, que coloca o banco entre os
grandes casos de falência bancária do País, os correntistas e investidores da instituição têm chances remotas de recuperar seus depósitos. São empresas e vários fundos de pensão. A Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, por exemplo, já lançou nas contas um prejuízo de R$ 10 milhões decorrentes de aplicações em CDBs do Santos. Além de preparar o caminho para a falência, a equipe do BC vai levantar todas as irregularidades nas operações do banco. Os casos suspeitos estão sendo encaminhados ao Ministério Público. “Há indícios de crimes contra o sistema financeiro, incluindo gestão fraudulenta”, afirma o diretor do BC, Paulo Sérgio Cavalheiro.