16/08/2006 - 10:00
O computador pessoal foi lançado pela IBM, mas ninguém tem mais motivo para comemorar do que Bill Gates, o dono da Microsoft. Foi ele que convenceu os executivos da IBM a comprarem dele o sistema operacional que faria funcionar o IBM 5150. Quando o novo modelo foi lançado, em 12 de agosto de 1981, nem o mais otimista dos gurus da informática imaginou que ele se alastraria por centenas de milhares de lares ocupando um espaço tão nobre quanto o da geladeira na lista dos utensílios domésticos. Apelidado de PC, sigla do inglês que significa computador pessoal, o equipamento também se infiltrou em todos os setores da economia. Um quarto de século depois de seu lançamento, não há na indústria um funcionário que não seja obrigado a operá-lo nas linhas de produção. Alguns produtos chegam à sofisticação de trazer um computador embutido. A gula do PC fez com que ele engolisse até o telefone. Programas como o Skype e o Messenger permitem fazer chamadas telefônicas a partir de um terminal conectado à internet.
Esse fenômeno de vendas já virou filme. Dirigido por Martyn Burke, Pirates of ilicon Valley (Piratas do Vale do Silício) começa em 1977 quando Steve Jobs, fundador da Apple, anuncia o seu Apple II. Naquele mesmo ano, ele esnoba o novato Bill Gates em uma feira de informática. Desafiado, o futuro dono da Microsoft jura vingança. As noitadas em que passava jogando pôquer, bebendo cerveja e vendo revistas Playboy com os amigos Paul Allen e Steve Ballmer se transformam numa cruzada contra Jobs.
Esperto, Gates entra em contato com a IBM para vender um sistema operacional desenvolvido por ele que ?daria vida? ao IBM 5051. A empresa fecha negócio e enche os bolsos de Gates com dezenas de milhões de dólares. Detalhe: Gates não tinha o produto que estava vendendo. Mas cheio de dinheiro, ele paga US$ 50 mil pelo Q-DOS, um programa parecido com o que havia prometido. Fez algumas alterações na programação e o entregou com o nome de MS-DOS. A jogada foi o primeiro pontapé para que ele se tornasse o homem mais rico do mundo. Inicialmente, a IBM esperava vender 200 mil unidades, mas até hoje vende em média 200 milhões de computadores pessoais por ano.
O que explica o sucesso dessa empreitada não é a esperteza de Gates. O IBM 5051 utilizava uma ?tecnologia aberta?. Em outras palavras: empregava componentes que podiam ser facilmente adquiridos nas lojas, fazendo com que centenas de empresas copiassem o PC. O mercado entrou em ebulição. Tudo o que surgia, de peças a acessórios, era produzido com o padrão PC. É por isso que dá para comprar uma máquina da Compaq, por exemplo, e instalar nela a placa-mãe ou o chip de memória de outro fabricante.
As transformações do computador ocorridas em 25 anos foram espantosas, mas as que virão são maiores. Os PCs devem se transfigurar em uma folha de papel eletrônico dobrável que se conectará à internet via celular ou a partir de conexões wireless (sem fio). Para acompanhar o grande volume de troca de dados, os processadores (cérebro do equipamento) serão minúsculos e tão potentes quanto o de um supercomputador que realiza milhares de cálculos por segundo.