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A dança das cadeiras está animada no topo das grandes empresas do Brasil. Desde o dia 1º deste mês, o jovem executivo João Cox, 43 anos, é o novo presidente da Claro, companhia de telefonia celular que pertence ao terceiro homem mais rico do mundo, o mexicano Carlos Slim. Na semana passada, a Embraer e o Grupo Camargo Corrêa anunciaram os nomes dos futuros sucessores de seus principais executivos e encerraram meses de especulações sobre quem seriam os eleitos para comandar negócios bilionários. Dias antes, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter confirmou que passará o bastão no grupo siderúrgico até o final deste ano. A Phillip Morris procura substituto para Amália Sina, que acaba de deixar a presidência da companhia. Como não é todo dia que altos cargos como esses surgem no horizonte dos executivos, a corrida pelas indicações está aquecida. Na Embraer, quem chegou na frente foi o vice-presidente de aviação comercial Frederico Fleury Curado.

Ele deverá substituir, em abril de 2007, o diretor presidente Maurício Botelho, que ocupa o cargo desde a privatização da empresa, em 1995. Botelho permanecerá à frente do Conselho de Administração até abril de 2009. Enquanto seu nome não é oficialmente referendado pelos acionistas ? o que deverá acontecer somente em março do ano que vem ?, Curado prefere manter o silêncio sobre seus planos. Segundo a nota ao mercado divulgada pela Embraer, o anúncio foi feito com meses de antecedência para ?garantir uma transição suave e harmônica?. Carioca, 45 anos, Curado trabalha na fábrica de aviões desde 1984, período no qual percorreu diversos setores, como produção, planejamento, qualidade e desenvolvimento comercial. Há oito anos é responsável pela área de aviação comercial, que responde por mais de 70% de sua receita. Agora, irá pilotar uma gigante com 17.500 empregados e uma carteira de pedidos de US$ 10 bilhões. ?A escolha de um executivo da própria Embraer com mais de 20 anos de casa indica a intenção de dar continuidade ao trabalho feito até agora?, analisa o profissional especializado em recrutamento de executivos Guilherme Velloso, da consultoria Panelli Motta Cabrera de São Paulo. Para ele, o anúncio antecipado desempenha o mesmo papel: acalma o mercado e afasta as inevitáveis especulações surgidas caso fosse chamado alguém de fora. ?A transição será lenta e gradual.

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Todos querem saber se ele será um presidente tão bom quanto Botelho?, completa. Vale lembrar que Botelho pegou uma estatal sucateada e a entrega ao novo presidente como referência mundial no setor aeronáutico. Outro nome importante da Embraer que acaba de chegar ao topo é o advogado Vitor Sarquis Hallack, 53 anos. Nos últimos dez anos, Hallack atuou no Conselho da empresa, representando o Grupo Bozano, um dos seus principais acionistas. A partir de 1º de setembro, Hallack substituirá o engenheiro Raphael Antonio Nogueira de Freitas no comando do Grupo Camargo Corrêa, um império com faturamento de R$ 8 bilhões e 32 mil funcionários. Mineiro de Juiz de Fora, avesso à exposição pública e hábil na condução dos negócios, Hallack terá a missão de administrar um conglomerado que, hoje, possui empresas fora do Brasil e atua em setores tão diferentes quantos os de construção e de fornecimento de energia, têxtil, cimento e calçados. Segundo consultores de carreiras, executivos do porte de Curado e Hallack costumam faturar anualmente entre R$ 1,5 milhão e R$ 2,5 milhões, dependendo da empresa. Desse volume, metade é composta pelos salários, em torno de R$ 80 mil por mês. O resto vem de generosos bônus anuais (que podem alcançar 100% sobre os salários obtidos nos 12 meses anteriores), prêmios adicionais conferidos normalmente a cada três anos, participação acionária e uma série de outros benefícios.

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Para fazer jus a todas as recompensas, os superexecutivos precisam ter espírito visionário e a capacidade de ver o que nenhum concorrente enxerga , diz o headhunter (caçador de talentos) Robert Wong, sócio da P&L Partnership and Learning. ?Não basta fazer melhor do que os outros, mas pensar diferente e fazer aquilo que ninguém faz?, afirma. A poucos dias no comando da Claro, João Cox quer mostrar a que veio e, para isso, tem enfrentado longas jornadas de trabalho. No Brasil, a empresa conquistou 21 milhões de clientes, começou a dar lucro e quer crescer muito mais. ?Meu mote é me espelhar nos acionistas?, diz Cox, economizando palavras sobre sua estratégia. Como a controladora América Móvil é o maior grupo de telefonia celular das Américas, com 110 milhões de clientes em 14 países, dá para imaginar onde ele quer chegar. ?Nossa equipe entra no jogo para vencer?, afirmou aos funcionários da empresa um dia antes de assumir o cargo, logo após uma palestra do técnico de futebol Luiz Felipe Scolari.