16/08/2006 - 10:00
O barroco, a exuberância da natureza e as “linhas jogadas ao ar” do grande mestre, o arquiteto Oscar Niemeyer. Com uma mistura dessas influências, a arquiteta pernambucana Clementina Duarte estabeleceu os pilares de um design de jóias genuinamente brasileiro. Suas peças, marcadas por curvas suaves e uma delicada combinação de pedras e tons, conquistaram personalidades no mundo e encontraram lugar nos pulsos e pescoços de boa parte da nobreza européia. As rainhas Elizabeth, do Reino Unido, Sílvia, da Suécia, e a artista plástica Charlotte Perriand, braço direito de Le Corbusier até a morte do célebre arquiteto suíço, usam seus colares, brincos e anéis. A mulher do ex-presidente Jimmy Carter e a senadora americana Hillary Clinton também. No Brasil, a antropóloga Ruth Cardoso e a marchand Nara Roesler são algumas das admiradoras do trabalho.
Clementina foi professora e pesquisadora da Universidade de Brasília nos anos 60. Em 1966, numa temporada de estudos em Paris, decidiu que as jóias seriam sua atividade. Desenhou algumas peças e conseguiu um espaço para expor o material. Meses depois, um estilista, de passagem pelo lugar, encantou-se com o misto de frescor e sofisticação das jóias e fez um desfile com roupas inspiradas nelas. Além disso, ofereceu a ela um lugar em sua maison. O estilista era Pierre Cardin. “Participei do desfile, mas voltei para trabalhar no ambiente brasileiro”, conta. A partir daí, foram mais de oito mil desenhos, prêmios, duas lojas no Brasil (em Brasília e no Recife) e um ponto-de-venda em Washington, nos Estados Unidos. Meses atrás, fechou as casas brasileiras para concentrar esforços em São Paulo. Planeja abrir o novo ateliê em novembro, após divulgar nos Estados Unidos o livro que conta seus 40 anos de carreira: Clementina Duarte – a arte e o design da jóia moderna brasileira (TDA Desenho & Arte, 270 págs., R$ 150), já lançado aqui. O preço? “Terei peças a R$ 150 e conjuntos preciosos desenhados com exclusividade. Depende do material escolhido”, desconversa. No último caso, o céu – ou melhor, a conta bancária – será o limite.