23/08/2006 - 10:00
De tempos em tempos, surge uma mania ligada à atividade física. Nos anos 80, a febre era o cooper, método criado por Kenneth Cooper com treinamentos como andar e correr. Já houve também a fase do ciclismo noturno. Agora é a vez da corrida de rua. Ou running, como dizem os empresários do mundo esportivo. Não há problema em aderir à moda. Mesmo que a idéia tenha partido do único desejo de se juntar aos amigos, o importante, segundo os médicos, é estimular a população a se exercitar com regularidade. Se depender do interesse que a prática tem despertado, ela pode ser um valioso aliado. A Confederação Nacional de Atletismo calcula que o Brasil tenha hoje 1,6 milhão de adeptos, sendo que um milhão adotou a corrida de rua em razão da saúde e do lazer.
Para os especialistas, esse número será ainda maior. Eles projetam um crescimento do running de 30% em 2007. Ainda é pouco, comparado aos EUA, que têm 39 milhões de praticantes. Mas a modalidade está em alta por aqui. É o que se verifica pelo aumento de provas no calendário do esporte. Em 2002, por exemplo, São Paulo organizou 17 eventos do gênero. No ano passado, foram 166. E a atividade se expande pelo País: já foram registradas na Confederação cerca de 500 competições neste ano. É um batalhão de gente correndo. O lado negativo é que parte dessas pessoas não segue os cuidados necessários para a prática. Não basta escolher a roupa e o calçado adequados. O cardiologista João Eduardo Piccirillo, de São Paulo, lembra que o correto é iniciar atividades físicas após avaliação médica. Alterações na coluna, hipertensão mal controlada e alguns males cardíacos são situações que contra-indicam a modalidade.
O próximo passo é conhecer os limites que o corpo, a idade e as condições de saúde impõem. Segundo Paulo Zogaib, especialista em fisiologia do exercício, é fundamental saber que ritmo é saudável. “Se a pessoa sente tontura, a taxa de açúcar do corpo pode ter caído. Se está esbaforida é porque está tentando respirar mais do que deveria. Ou seja, correu além do que o seu organismo permitia”, diz.
Outra recomendação é alimentar-se direito. Três horas antes de se exercitar, o ideal é fazer uma refeição que tenha 80% de um carboidrato complexo (massas e batatas). O prato pode ser complementado com uma proteína. Gorduras devem ser evitadas. Durante a atividade, é preciso ingerir líquidos, de preferência os isotônicos. E não beliscar nada. O risco é sentir o estômago pesado e ter até enjôo. Alongamento pré e pós-corrida diminui as chances de lesões. Teve cãibra? Pare tudo e estique a região afetada. Ela é uma contração que, em geral, se manifesta quando o músculo foi solicitado além de sua capacidade. “Tem gente que gosta de se superar, só que na corrida quando uma pessoa parte para uma intensidade superior ao habitual é comum que ela não se dê bem”, alerta Zogaib.