A legendária Leica, a famosa marca de máquinas fotográficas que fez história nas mãos do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson e de tantos outros, vai passar por uma profunda reestruturação na esperança de superar a pior crise financeira desde que foi fundada em 1849. Responsável pela invenção da câmera de 35 milímetros, a companhia alemã teve prejuízo de 12,8 milhões de euros no ano passado e uma queda de 20% no valor de suas ações. No final de maio, os acionistas devem dar sinal verde para a adoção de um amplo pacote de medidas, que começa com a substituição do seu executivo-chefe, Ralf Coenen, por um especialista em tirar empresas do buraco, o suíço Josef Spichtig. Os planos também contemplam a oferta de 13,5 milhões de novas ações aos atuais acionistas e a utilização de 4,2 milhões de euros das reservas da companhia como forma de reduzir os prejuízos.

Obsessão e sonho de fotógrafos profissionais e amadores, as câmeras Leica fazem a história da fotografia no mundo desde que o alemão Oskar Barnack criou o primeiro modelo, a Ur-Leica, por volta de 1910. De lá para cá, a marca Leica se tornou sinônimo de perfeição fotográfica, mas também de equipamento caro. Um modelo básico da série M, por exemplo, que era a preferida de Cartier-Bresson, não sai por menos de US$ 3 mil. Com o euro em alta e a explosão da fotografia digital, a companhia viu suas vendas despencarem no mundo todo. A empresa também demorou muito para entrar no mercado de câmeras digitais. Isso acabou agravando sua situação e levando os bancos a restringir o crédito. A Hermès, a empresa de luxo francesa e principal acionista, também começou a exigir melhores resultados. Agora, resta a Spichtig tirar a empresa dessa situação e colocá-la de novo no foco.